Sem ter anunciado o candidato à sua sucessão em agosto, conforme havia prometido, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deve intensificar as agendas para cacifar um nome ao posto. Nesta semana, Lira espera se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar do apoio.
De acordo com interlocutores dos dois, eles tentaram se encontrar na última semana, mas não conseguiram. Lira se preocupa com o real apoio do bolsonarismo ao candidato que indicar. Elmar Nascimento (União-BA) é apontado como o favorito do presidente da Câmara, entre os demais candidatos que disputam seu apoio. Bolsonaro já deu sinais de que deve seguir o mesmo caminho, o que pode render a primeira-vice presidência ao PL. As informações são do Jornal O Globo.
Apesar disto, embora saiba que pode contar com o apoio do ex-presidente, Lira se preocupa com possíveis divisões entre a bancada bolsonarista. Isto porque Antônio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) têm se aproximado de parlamentares da direita e negociado apoios. Com 93 deputados, a bancada do PL – que é a maior da Câmara – é vista como possível “fiel da balança” na disputa. Entre parlamentares ouvidos, a impressão é de que o fato de Lira não ter cumprido o prazo estabelecido representou um baque para Elmar.
Isso porque o adiamento do anúncio teria exposto que Elmar ainda busca se cacifar. Sem o acordo firmado, o que se viu na última semana foi uma série de encontros para impedir que baiano fosse alçado ao posto de favorito e escolhido pelo presidente da Câmara. Brito e Pereira chegaram a tentar uma fusão das suas candidaturas, mas nenhum deles abriu mão de ser o cabeça da chapa.
Amigo íntimo de Lira, Elmar tem dificuldades de conseguir votos de deputados que questionam a sua capacidade de articular pautas e reclamam do difícil acesso ao parlamentar. Ele também não teria a simpatia irrestrita da base governista, já que teve histórico de oposição à esquerda.
Por outro lado, o deputado do União é visto como alguém capaz de honrar os acordos firmados, até mesmo os herdados de Lira. Na quarta-feira, Elmar esteve em um jantar na casa do senador Weverton Rocha (PDT-MA), no qual as cúpulas do PDT e do PSDB reafirmaram o apoio à sua candidatura. Além de contemplar o PL, de Jair Bolsonaro, com uma cadeira em uma eventual Mesa Diretora da nova configuração da Câmara, Elmar já fez chegar ao governo a mensagem de que o PT não seria esquecido.
Já Marcos Pereira conta com outro tipo de resistência. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o deputado encontra dificuldades de ter o apoio de Lira, apesar dos últimos anos de parceria, quando foi vice-presidente da Câmara o apoiou em suas duas eleições. Ele também carrega a antipatia de Bolsonaro, com quem teve embates nos últimos anos. Pesa a favor ter boa relação com Lula e bom trânsito na base governista.
Brito, por sua vez, congrega apoios que vão da base governista do Centrão à esquerda. Apesar de ser visto como “acessível” por parlamentares de várias legendas, ele seria o menos considerado por Lira para ganhar o seu apoio.