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Presidente da Câmara dos Deputados ironiza PT em jantar com parlamentares e depois pede desculpas

Cunha afirmou que “onde o PT vai, vai todo mundo contra” e que o partido só ganha votações quando ficam “com pena na última hora”. (Imagem: Gustavo Lima/Agência Câmara)

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desculpou-se com o PT na noite de quinta-feira, por meio de sua conta no Twitter. O pedido foi feito depois que o site do jornal O Globo publicou reportagem e gravação em que o parlamentar ironiza a atuação do PT na Casa ao afirmar que “onde o PT vai, vai todo mundo contra” e que o partido só ganha votações no plenário da Câmara “quando a gente fica com pena na última hora”.

A fala de Cunha foi pronunciada durante jantar com a bancada do PMDB no Parlamento, ocorrido na terça-feira, e inicialmente divulgada pelo jornal em reportagem que não continha o áudio, publicado depois.

O deputado faz primeiramente um comentário sobre a vitória dele na eleição para a presidência da Casa: “A gente não ter dependido do PT, não ter dependido da oposição, deu ao PMDB um crescimento natural de protagonismo político. Consequentemente, fez com que a gente ficasse com essa liberdade de fazer o que a gente está fazendo. Isso não teria sido se a gente tivesse tido outro tipo de acordo, de comprometimento. Então, eu acho que, por ser início, a gente teve a oportunidade de fazer um tipo de protagonismo que vocês estão sustentando. Se não fosse vocês, isso não se sustentaria”, afirmou.

Em seguida, ele passa a se referir ao PT, o que gera risos dos participantes do jantar: “Porque é só olhar: todo dia, impressionante, onde o PT vai, vai todo mundo contra. É um negócio impressionante. No plenário, impressionante, o PT não ganha uma votação, só quando a gente fica com pena na última hora”.

Deputados do PT disseram que Cunha age com “arrogância” e “sem a grandeza” que o cargo exige. No Twitter, o peemedebista inicialmente negou: “Não pronunciei o comentário a mim atribuído no jantar da bancada. Apesar das diferenças, sempre trato a todos com respeito”.

Justificativa – Posteriormente, o próprio Cunha informou, em uma das mensagens, que o site do jornal publicou a gravação, e pediu desculpas. “Realmente não fiz discurso e fiz várias pequenas intervenções. Se me enganei e falei algo que não me lembrava e possa ter sido agressivo ao PT, peço desculpas, não era a intenção”, escreveu o presidente da Câmara. Ele também ressalvou que participou de uma reunião privada e que, como o clima era de festa, não lembrava de ter feito o comentário.

Terceirização – O deputado recomendou nesta sexta-feira que a presidenta Dilma Rousseff tenha cautela em seus posicionamentos públicos. Para ele, é um “erro” a mandatária assumir o discurso do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que são contrários ao projeto de lei que regulamenta a terceirização, permitindo a prática também na atividade-fim da empresa.

Em encontro com centrais sindicais na quinta-feira, a petista disse ser contra a ampliação do trabalho terceirizado da maneira como foi aprovada na Câmara. Segundo ela, tem de haver diferença entre a atividade-fim e a atividade-meio.

“Ela [presidenta] tem de ter a cautela de que o governo federal deve ter a posição da maioria de sua base de sustentação. Passa a ser perigoso quando você assume a pauta do PT”, criticou Cunha, que participou da festa da Força Sindical em comemoração ao 1 de Maio. O peemedebista lembrou que Dilma não é sustentada politicamente no Congresso somente pelo PT, mas por uma coalizão de partidos que votaram a favor do projeto na Câmara dos Deputados.

“É um direito dela ter uma opinião e ela terá sempre o direito de vetar qualquer proposta, embora a última palavra seja do Congresso Nacional”, afirmou. “Mas é muito importante que a pauta do PT não seja a do governo federal”, acrescentou. De acordo com o presidente da Câmara, a CUT tem utilizado o PT para fazer um “debate equivocado” que tem como objetivo apenas proteger a arrecadação da central sindical.

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