Terça-feira, 07 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de março de 2024
Embora não queira abrir negociações e se aprofundar sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia durante a viagem ao Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, vai explicar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais uma vez, por que decidiu bloquear a assinatura do tratado entre os blocos.
Conforme uma fonte diplomática, o presidente francês prefere evitar o assunto, mas sabe que o tema não poderá ser contornado. Entretanto, não vai mudar de posição. A conversa não deve avançar, de acordo com a expectativa do Palácio de Eliseu, e Macron planeja apenas reiterar a Lula as razões de sua resistência.
A França se colocou contra a conclusão do acordo no ano passado, no momento em que a maioria dos países dizia haver uma janela política ideal. Lula lamentou o fracasso em concluir tratativas que levam 25 anos, mas recentemente disse que Paris deveria ter paciência e que estava pronto para assinar o tratado com a União Europeia, a despeito da oposição política de Macron.
Os franceses dizem não estar isolados na oposição e pressionam a Comissão Europeia, que negocia com o Mercosul. Eles dizem que as sociedades de cada um dos 27 países da UE devem estar convencidas dos compromissos climáticos previstos no acordo e pedem complementação do que já foi acertado. A França exige que os produtos em circulação na futura área de comércio estejam sujeitos às mesmas normas vigentes na Europa.
Uma fonte do governo francês diz que os produtores rurais e industriais precisam ser convencidos, mas eles rejeitam o progresso do acordo e exigem que todos concorram dentro do mesmo conjunto de regras. Essa deverá ser a tônica da justificativa de Macron.
“Eles estão submetidos há anos a normas adicionais para combater o aquecimento climático e proteger o meio ambiente e isso tem um custo para a competitividade deles”, explicou um membro da diplomacia francesa. “Não estamos prontos para avançar.”
Macron vem ao Brasil na semana que vem com interesse de promover negócios: a comitiva será formada por 140 empresários e executivos, sobretudo pequenos e médios, e Paris tem como foco atrair investidores brasileiros. As pequenas e médias empresas compõem ao menos 2/3 da delegação francesa, conforme o Palácio de Eliseu.
A delegação não foi totalmente detalhada, mas incluirá uma série de ministros, empresários de pequenas, médias e startups, além de executivos de multinacionais. Parte delas é diretamente ligada a soluções ambientais, bioeconomia, proteção florestal e conservação de espécies. Entre os executivos confirmados, há CEOs do Carrefour, Airbus, Naval Group e Vicat. Entre as empresas inovadoras, estão Agro-Tech, Agriodor, Solaire e Net Zero.
Segundo diplomatas franceses, Macron vai trazer ao País empresas que possuem a capacidade de “esverdear a economia com tecnologias únicas e procedimentos muito diversificados”, por exemplo, na captura de carbono. As empresas devem lançar uma coalizão de investimentos voltados ao meio ambiente. Mas o governo francês não deve mais anunciar uma doação ao Fundo Amazônia, o que frustra a expectativa do governo Lula.
Vindo da Guiana Francesa, Macron desembarcará no Brasil na terça-feira (26) e será recebido por Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.