Sábado, 08 de março de 2025
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2024
Um desentendimento entre os sócios da Polishop contribuiu para a crise que culminou com o pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça paulista no fim de maio, disse o fundador e CEO da companhia, João Appolinário.
De acordo com ele, Carlos Marcos de Oliveira Neto, que detinha 50% de participação societária na companhia e atuava como COO (sigla em inglês para diretor de operações), se opunha ao processo de reestruturação da empresa, que envolvia cortes de orçamento e a criação do modelo de franquias.
A dificuldade de chegar a um acordo com o sócio se somou à pandemia, ao aumento do custo de locação em shopping centers e a dificuldades de criação de novos produtos, causados pela diminuição do ritmo industrial chinês. O conflito só foi encerrado este ano, há cerca de três meses, com a dissolução da participação societária de Oliveira Neto para menos de 3%.
Segundo a assessoria de imprensa da Polishop, Appolinário é o único porta-voz da companhia.
“Tinha um sócio operador na empresa que deveria tocar a companhia como deveria. Virou uma briga societária que acabou este ano”, afirmou o empresário, no estande da Polishop na feira da Associação Brasileira de Franchising, a ABF Expo. “Foi um desencaixe na sociedade, de não querer fazer aquilo que a empresa precisava fazer, que era um corte radical”, diz ele.
A empresa lançou durante o evento seu próprio modelo de franquias, atual aposta da companhia. Segundo o empresário, o modelo seria implantado no início do ano passado, não fosse a situação com o sócio.
“Isso tudo aprofundou um momento de crise, porque o projeto vai muito bem, as margens são muito boas, o negócio é totalmente viável pelo modelo de negócio”, diz o empresário, mencionando o modelo de franquias, que tem investimento inicial entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, a depender do tamanho.
Conflito
Segundo o CEO da Polishop, o conflito com o sócio começou em 2019, alguns meses antes da chegada da pandemia, quando ele propôs algumas mudanças na empresa. “Durante a pandemia, se acalmou a situação (de discussão sobre a estrutura da companhia). A gente precisou fazer a coisa acontecer juntos. E depois voltou a discussão, e ele disse que não queria mais estar na empresa”, afirma Appolinário.
De acordo com ele, foi feita uma tentativa de valuation (avaliação da empresa no mercado e seu potencial de crescimento), o que foi rejeitado pelo sócio. “Às vezes você precisa chegar a uma situação ruim para poder aceitar. Foi feito um aumento de capital. Ou ele comparecia com o investimento, ou não. E quem compareceu fui eu, que fiz um aumento de capital. Ele não acompanhou, e (a participação) foi diluída de 50% para menos de 3%”, afirma o empresário, mencionando o apoio que tinha da diretoria da empresa e a condução do processo sem judicialização. “Um tem o que perder. Estou eu aqui, com toda a imagem da empresa em cima de mim”, diz.
A recuperação judicial da Polishop, segundo Appolinário, não afeta a expansão da empresa via franquias. Ele menciona que a dívida com bancos, que era de cerca de R$ 270 milhões em janeiro de 2022, atualmente é inferior a R$ 60 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.