O presidente da Rússia amenizou o discurso sobre a guerra na Ucrânia e disse que está aberto ao diálogo. Vladimir Putin pode estar preparando uma saída negociada para os combates na Ucrânia.
Depois de bombardear intensamente, durante quatro dias, várias cidades ucranianas, o presidente russo falou que não há mais necessidade de ataques maciços. “Não nos propusemos à tarefa de destruir a Ucrânia”, disse Putin.
Em entrevista coletiva no fim de uma cúpula de líderes asiáticos no Cazaquistão, o presidente russo informou que a convocação de cerca de 300 mil reservistas no seu país termina em duas semanas. Ele afirmou que a Rússia está aberta a negociar, com uma mediação internacional, desde que a Ucrânia também esteja disposta.
Perguntado se tinha algum arrependimento, respondeu “não” e acrescentou: “O que está acontecendo hoje é desagradável, para dizer o mínimo. Mas teríamos que enfrentar a mesma situação mais tarde, em condições piores. Então, estamos agindo corretamente e na hora certa.”
Mas o líder russo não deixou de fazer ameaças.
“O confronto direto das tropas da Otan com o exército russo seria um movimento muito perigoso, que pode levar a uma catástrofe global”, destacou.
De qualquer maneira, os comentários do presidente Putin parecem sugerir um tom mais suave, à medida que a guerra se aproxima de completar oito meses. E depois de semanas de avanços da Ucrânia e significativas derrotas russas.
Novo comandante
A Rússia tem um novo comandante para sua “operação militar especial” na Ucrânia, após sofrer uma série de reveses no território e em meio a sinais de crescente descontentamento entre as elites russas sobre a condução do conflito.
O general Sergei Surovikin foi nomeado no mesmo dia em que o exército russo sofreu um forte baque com a destruição de parte da ponte de Kerch. A via é a única ligação entre a Rússia e a península ucraniana da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014.
A nomeação foi a primeira de um comandante geral do campo de batalha para as tropas russas na Ucrânia. O nome do antecessor de Surovikin nunca foi revelado oficialmente.
Segundo analistas, a medida pode indicar que Moscou agora entende que suas forças estão em perigo de colapso no país vizinho, num momento em que as tropas de Kiev avançam em todas as quatro regiões que o presidente Vladimir Putin afirma ter “anexado”. A nomeação também pode ser uma tentativa do Kremlin de combater as críticas de que o Exército russo está conduzindo mal a guerra.