Em pronunciamento virtual ao Parlamento francês nesta quarta-feira (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu que empresas francesas, saiam do mercado russo. “As grandes empresas devem deixar de ser patrocinadoras da máquina de guerra russa”, disse.
Zelensky cobrou também que o parlamento francês ajude a pressionar os demais países europeus por uma atuação conjunta em apoio a sanções que pressionem a Rússia pelo fim da ofensiva militar na Ucrânia.
“Precisamos de mais ajuda, para que a liberdade de cidades como Paris, Roma e Madri não seja ameaçada como Kiev é hoje”, disse, citando os valores da revolução francesa de “liberdade, igualdade e fraternidade” como comuns ao povo ucraniano.
O presidente ucraniano reafirmou a necessidade do envio de armas ao país, citando os bombardeios russos contra áreas civis: “precisamos de armas antitanques, aeronaves, formas de resistir aos ataques russos.”
Apesar da pressão, na última segunda-feira (21) a montadora Renault anunciou o retorno da produção em Moscou, mas por apenas 3 dias. A montadora se recusou a fornecer mais detalhes quando foi perguntada por que reiniciou sua produção por três dias.
No entanto, nesta quarta, a empresa suspendeu suas operações em Moscou. Como consequência, a montadora francesa revisou a projeção de margem operacional do grupo em 2022 para cerca de 3%, de 4% ou mais.
A Renault é a montadora ocidental mais exposta à Rússia, onde gera 8% de seus lucros principais, segundo o Citi, principalmente por meio de sua participação de 69% na Avtovaz, que está por trás da marca de automóveis Lada.
O presidente ucraniano pediu ainda que os parlamentares fizessem um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. “Na Ucrânia, na Europa em 2022, milhões de pessoas não poderiam imaginar que seu mundo poderia ser destruído dessa forma”, disse, citando os ataques a cidade costeira de Mariupol.
O Ministério da Defesa da Rússia nega que tenha alvos civis e afirma que seu objetivo é o mesmo desde o início do que chama de “operação militar especial”: desmilitarizar e neutralizar a Ucrânia, se livrar de batalhões neonazistas e o reconhecimento dos territórios independentes.
Reformas na ONU
Em um discurso ao Parlamento japonês, nesta quarta, Zelensky pediu reformas profundas na Organização das Nações Unidas, alegando que o órgão não impediu a invasão russa.
“Nem as Nações Unidas nem o Conselho de Segurança funcionaram. São necessárias reformas”, disse o líder ucraniano em um discurso por videoconferência para parlamentares japoneses.
“Precisamos de um instrumento para garantir a segurança global, acima de tudo. As organizações internacionais existentes não funcionam nesse sentido. Devemos, então, desenvolver uma nova ferramenta que possa realmente frear as invasões”, afirmou.
Zelensky aproveitou a intervenção para agradecer a Tóquio por sua posição. O país abandonou sua prudência habitual e se somou às duras sanções decretadas pelos países ocidentais contra a Rússia.