Sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de fevereiro de 2025
A assinatura de um acordo de exploração de terras raras na Ucrânia esteve entre os temas centrais da reunião que acabou com um bate boca tenso entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder ucraniano Volodymyr Zelensky nessa sexta (28).
Em troca de segurança contra a Rússia, Trump quer garantir que os Estados Unidos possam explorar os materiais raros presentes em solo ucraniano, também conhecidos como o “ouro do século 21”.
Esses recursos representam um interesse estratégico para os Estados Unidos, já que 80% dos materiais raros usados na indústria americana vêm da China.
Numa cena rara entre dois líderes mundiais, o presidente dos EUA, Donald Trump, bateu boca e aumentou o tom de voz com Volodymyr Zelensky em encontro dos dois na Casa Branca nessa sexta-feira (28), dizendo que o presidente da Ucrânia está jogando com o risco de uma “Terceira Guerra Mundial”.
Por causa da discussão, um acordo entre EUA e Ucrânia não foi assinado. Zelensky saiu da Casa Branca sem conceder a tradicional entrevista após o encontro e cancelou todas as suas aparições públicas em Washington.
Em uma reunião transmitida ao vivo e diante da imprensa, Trump pressionou Zelensky a aceitar um acordo para encerrar a guerra da Ucrânia, iniciada em 2022, depois de a Rússia invadir o território ucraniano.
Os EUA eram aliados de primeira hora da Ucrânia durante o governo Biden. Quando Trump assumiu, no entanto, a Casa Branca se aproximou do presidente Vladimir Putin, da Rússia, chegando a discutir um acordo para encerrar a guerra sem a presença dos representantes de Kiev.
O bate-boca começou nos dez dos 45 minutos finais em que os dois presidentes se encontraram no Salão Oval da Casa Branca. Zelensky se mostrou desconfiado quanto ao compromisso de Putin de encerrar a guerra. Ele chamou Putin de “assassino”.
O vice-presidente americano JD Vance disse: “Senhor Presidente, com todo o respeito. Acho desrespeitoso da sua parte vir ao Salão Oval e tentar debater isso diante da mídia americana”. Quando Zelensky tentou responder, Trump levantou a voz:
“Você está apostando com a vida de milhões de pessoas. Você está apostando com a Terceira Guerra Mundial. Você está apostando com a Terceira Guerra Mundial, e o que você está fazendo é muito desrespeitoso com este país, um país que te apoiou muito mais do que muitos disseram que deveria”, afirmou Trump a Zelensky.
“Seu povo é muito corajoso, mas ou vocês fazem um acordo ou estamos fora. E se estivermos fora, vocês terão que lutar sozinhos”, disse Trump. Os EUA são aliados da Ucrânia na guerra.
Após o encontro, Trump fez um post na rede social TruthSocial em que diz que Zelensky desrespeitou os EUA no Salão Oval e que poderá voltar quando estiver pronto para a paz.
Segundo a agência Associated Press, Zelensky e sua delegação se dirigiram para uma sala separada, e o presidente da Ucrânia e tentou retomar o encontro. O assessor Waltz e o secretário de Estado, Marco Rubio, no entanto, informaram à delegação visitante que Trump queria Zelensky fora da Casa Branca “imediatamente”.
Terras raras
Por que terras raras interessam aos EUA? Espalhadas por todo o território ucraniano, as chamadas terras raras são ricas em minerais raros e têm alta concentração no leste do país. Isso inclui ferro, manganês, urânio, titânio, lítio, minérios de zircônio, além de carvão, gás e petróleo.
São recursos cobiçados por grandes grupos industriais, especialmente para fabricar componentes elétricos, como os usados em smartphones.
A exploração desses solos representa cerca de metade do Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia, além de constituir dois terços das exportações ucranianas. Mais de 70% desses materiais estariam nas regiões de Dnipropetrovsk, além de Donetsk e Luhansk, que Putin reconheceu como independentes após invadir a Ucrânia em 2022.
A exploração dos solos ucranianos permitiria a Washington uma menor dependência do mercado chinês. Consequentemente, esses materiais também interessam aos europeus pelas mesmas razões. As informações são do portal de notícias G1.