Ícone do site Jornal O Sul

Presidente de CPMI expulsa deputado bolsonarista de sessão que ouvia o general Heleno

Sessão foi suspensa após Abilio Brunini (PL-MT) interromper fala de parlamentar. (Foto: Reprodução)

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), determinou a expulsão do deputado Abilio Brunini (PL-MT) do colegiado após o parlamentar do PL interromper algumas vezes a fala de outra colega.

“Chega dessa palhaçada. Toda vez é essa ameaça”, reclamou Abilio, depois de Maia ordenar a expulsão.

Brunini, que é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, se recusou em seguir a ordem do presidente da comissão e, por isso, Maia suspendeu a sessão. O bolsonarista interrompeu a fala da deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), que questionava o ex-ministro Augusto Heleno. O militar, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro, prestou depoimento na comissão nessa terça-feira (26).

As advertências de Maia ao deputado do PL são reincidentes desde o início da CPI. Brunini tem como costume interromper as falas de parlamentares da base do governo e fazer comentários em voz alta quando é a vez desses deputados e senadores falarem.

Brunini seguiu na sala da CPI por cerca de meia hora, mas depois acabou deixando a comissão para evitar que parlamentares aliados perdessem o direito de fazer questionamentos a Heleno. Antes de sair do colegiado, criticou Maia:

“É uma opção do presidente (não retomar a sessão enquanto ele não deixar a sala). Ele (Arthur Maia) está sendo omisso diante de um abuso de autoridade que acontece aqui, e só porque quero fazer uma questão de ordem para ele tomar uma posição, acha que tem o direito de me mandar sair. Não o vi mandar sair ninguém de esquerda, mas eu, que sou de direita, ele quer mandar sair.”

Reunião

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno classificou como “fantasia” o relato feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, de que teria presenciado reuniões em que o então presidente e chefes das Forças Armadas supostamente trataram de um golpe de Estado.

O general da reserva deu a declaração durante depoimento à CPMI, após um questionamento formulado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

A investigadores da Polícia Federal, Mauro Cid disse que Bolsonaro teria se reunido com integrantes da Marinha e do Exército. Nesses encontros, o então presidente supostamente falou sobre uma “minuta de golpe”, que previa ilegalidades como afastamento de autoridades.

O ex-ajudante de ordens afirmou também que o ex-comandante da Marinha Almir Garnier – que supostamente estava na reunião – teria manifestado apoio à ideia.

Questionado por Eliziane se soube da ocorrência dessa reunião, Augusto Heleno declarou:

“Não [tive conhecimento]. E eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Ele era o ajudante de ordens do presidente. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião com os comandantes de força e participar da reunião. Isso é fantasia. É fantasia”.

Heleno também criticou a divulgação de trechos da delação de Mauro Cid. “Me estranha muito, porque a delação está ainda sigilosa. Ninguém sabe o que o Cid falou”, declarou o ex-GSI.

Sair da versão mobile