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Economia Presidente do Banco Central acha que ainda é cedo para comemorar deflação no Brasil

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Campos Neto reconhece que os juros no Brasil ainda são altos. (Foto: Raphael Ribeiro/BCB)

Ainda é cedo para comemorar os três meses consecutivos de queda da inflação, afirmou neste sábado o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto.

“Muito disso se deve a medidas do governo, então não achamos que haja motivo para comemorar. Mas a dinâmica está melhorando”, afirmou Campos Neto em uma conferência em Washington, dentro da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) caiu 0,29% em setembro. Em 12 meses, ficou em 7,17%, o menor patamar desde abril de 2021. A deflação de setembro, no entanto, foi um pouco menor do que o esperado pelo mercado financeiro, que estimava uma queda de 0,32%.

Apesar disso, o mercado começa a apostar em cortes de juros a partir de março do ano que vem, ainda que o BC tenha sinalizado que o ciclo de redução não deve começar antes de junho.

“Não vou falar muito sobre isso”, disse Campos Neto, acrescentando que acha “que o mercado entende que fizemos um bom trabalho”.

O BC brasileiro foi um dos primeiros a subir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, no rastro da pandemia.

Na última semana, o FMI alertou para o risco de começar a reduzir os juros cedo demais. Para a América Latina, o Fundo projeta inflação média de 14,6% este ano e de 9,5% em 2023.

Reino Unido

Ainda na reunião do FMI, os ministros de Finanças e presidentes de BCs encontraram uma válvula de escape para as perspectivas ruins para a economia global: a crise fiscal no Reino Unido.
As piadas eram feitas até na presença de britânicos.

“Nada me tira o sono. A não ser, claro, que tenhamos uma crise como a do Reino Unido”, disse em um painel, na manhã deste sábado, o presidente do BC holandês, Klaas Knot, a poucos metros de seu colega britânico, Andrew Bailey.

Pouco depois, no painel seguinte, o presidente do BC brasileiro comparou a situação britânica à dos mercados emergentes:

“É a primeira vez, em muito tempo, que vemos uma reação dos mercados a um pacote fiscal que lembra meu cotidiano, ou seja, uma reação a um pacote fiscal em países emergentes”, disse Campos Neto.

Ele se referia ao pânico nos mercados depois que o novo governo britânico anunciou um pacote de cortes de impostos de 45 bilhões de libras (US$ 50 bilhões), que fez a libra cair a seu menor patamar desde 1985.

O pacote ainda teve outro efeito: Kwasi Kwarteng chegou à reunião de FMI e Banco Mundial como ministro de Finanças britânico, mas teve de voltar às pressas a Londres e terminou demitido na sexta-feira (14).

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