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Presidente do Banco Central chama debate fiscal nos Estados Unidos de “frouxo” e diz que tarifar a China pode afetar o Brasil

Chefe da autoridade monetária também pontuou que as promessas de campanha podem pressionar a economia americana e o mundo. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou que as propostas fiscais dos dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump, preocupam em escala global, pois elas são “relativamente” frouxas. O chefe da autoridade monetária também pontuou que as promessas de campanha podem pressionar a economia americana e o mundo.

Em audiência na CFT (Comissão de Tributação e Finanças) da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (13), o banqueiro central pontuou que há um conjunto de promessas de campanha “que levam a crer que a inflação americana vai ser mais alta”. Ele elencou, além do fiscal, imposto de importação de tarifas e política de anti-imigração.

“A gente pegou alguns estudos sobre o que aconteceria se deportasse 7,5 milhões de pessoas dos EUA a gente vê que a inflação sobe bastante rápido […] e também o que aconteceria, em termo de inflação, se tivesse uma tarifa de 10% para todas as importações. A gente vê que tem o aumento da inflação em 1.1% [nos EUA]”, afirmou.

Sobre o imposto de importação, a principal preocupação é com relação à China. De acordo com Campos Neto, devido a mudança no modelo econômico do gigante asiático, que agora é mais centralizado em exportação, mais voltado à eletrificação, EUA e Europa têm se estudado aumentar o tributo sobre os produtos chineses como forma de proteger a indústria nacional.

Desta forma, o banqueiro central ponderou qual seria o impacto sobre o PIB (Produto Interno Bruto) chinês o que pode refletir diretamente no mercado brasileiro.

“O modelo de exportação da China, na forma como está hoje, está direcionado ,e um bom pedaço é essa parte de eletrificação. […] Não é atoa que a gente está vendo muitos carros elétricos no Brasil e em outros lugares no mundo. Mas o mundo começou a reagir a esse modelo. Então, o mundo está colocando tarifas de importação”, disse.

“Alguns estudos mostram que se os EUA e a Europa colocarem tarifa na China pode ter uma queda de crescimento relativamente grande na China e isso afeta muito o mundo emergente e vai afetar bastante o Brasil também”, pontuou.

Promessas de campanha

Das promessas de campanha em comum entre Kamala e Trump estão o aumento do salário mínimo nos EUA, hoje em US$ 7,25 por hora trabalhada (cerca de R$ 39,80) e a isenção de imposto sobre gorjetas dos trabalhadores de serviços e hospitalidade. Atualmente, os trabalhadores que recebem gorjeta podem ter o salário reduzido em mais da metade por conta da trituração sobre a renda.

“É um ponto que está mais recente mas as pessoas ainda não entenderam o que isso significa e o que isso pode significar. Promessas de campanha nem sempre são realizadas, e isso pode significar uma dificuldade maior dos EUA trabalhar com uma inflação bem mais baixa e por consequência ter um juros muito parecido com o que tinha antes da pandemia que é o que mundo gostaria de ver hoje”, frisou Campos Neto.

A inflação dos EUA afeta especialmente o desempenho da Bolsa brasileira, o Ibovespa, encarece produtos importados, afeta o fluxo de capital estrangeiro para o país, assim como as taxas de juros e de câmbio.

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