O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu neste sábado (26) durante o Fórum Esfera Brasil, a coordenação entre as políticas monetária e fiscal para evitar que o Brasil entre em “rota de colisão”, voltando a alertar que a conduta das contas públicas tem efeito sobre as decisões do BC.
“Você não quer estar, de um lado, subindo juros, e, de outro, o fiscal sendo expansivo, porque no final você entra numa trajetória de colisão”, disse.
“A gente precisa entender que a gente teve um gasto global muito alto, que existe uma dívida a ser paga muito alta em todos os países, no Brasil também. Isso tem efeito no que o Banco Central faz. “Campos Neto dividiu o palco com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que reforçou o compromisso do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com a responsabilidade fiscal. Campos Neto falou ainda sobre a alta dos juros.
Os juros futuros subiram nas últimas semanas em meio à percepção de risco fiscal elevado diante da tentativa do governo eleito de viabilizar amplos gastos extra-teto.
“O que a gente precisa entender é que juros não é causa, é consequência, é uma consequência de um trabalho bem feito. Obviamente nenhum banqueiro central quer ter juros altos, a gente quer ter juros baixos”, continuou Campos Neto.
Desafio inflação e do crescimento sustentável
No evento, o presidente do BC também alertou para os riscos da inflação, em meio a expectativas crescentes no mercado financeiro de que as pressões de preços possam voltar a ganhar fôlego a partir do ano que vem sob a flexibilização fiscal pretendida pelo governo eleito.
“A inflação é um elemento social também. Quem tem mais recursos se protege da inflação, quem tem menos, não. Ela dificulta muito o planejamento de longo prazo das empresas, das pessoas, o que no final significa menos crescimento e menos emprego”, disse Campos Neto.
O presidente do Banco Central afirmou também que o crescimento sustentável resume o grande desafio para a economia. “Precisamos trazer isso para a nossa agenda. A gente precisa democratizar o sistema financeiro, gerar inclusão e educação financeira. E fizemos várias reformas no mercado de capitais”, reafirmou.
“A gente precisa colocar tecnologia para reduzir barreiras de entrada no sistema financeiro. A gente precisa avançar em sustentabilidade climática”, completou.