Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2023
Presidente do Banco Central disse que a conjuntura do País contribui para que a autoridade monetária mantenha o corte de meio ponto percentual na taxa básica de juros
Foto: Marcello Casal Jr/Agência BrasilO presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse que o ano de 2023 foi “bem melhor que o esperado”. Segundo o banqueiro central, o crescimento econômico do país “surpreendeu para cima”. Ele ainda disse que a conjuntura do País contribui para que a autoridade monetária mantenha o corte de meio ponto percentual na taxa básica de juros do País, a Selic.
“2023 foi um ano bem melhor do que o esperado. Tínhamos projeções de crescimento de 0,5% e eu tive que escutar várias vezes ao longo do ano que o crédito iria colapsar, que os juros iriam fazer as empresas quebrarem e o desemprego iria subir. Não aconteceu nada disso”, afirmou em reunião na FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo), nesta terça-feira (05).
“O crédito subiu, está saudável, o crescimento está acima de 2,5%, um pouquinho acima talvez. O importante na política monetária não são só os juros em si, é a credibilidade que gera”, continuou Campos Neto.
O presidente do BC não citou os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas disse que “o ano foi bom, o crescimento surpreendeu para cima, desemprego surpreendeu, a inflação surpreendeu para baixo”.
Campos Neto ainda comentou que a inflação no Brasil, que no acumulado de 12 meses está em 4,82%, é muito melhor que em outros países. Segundo ele, isso contribui para que o BC continue caindo a taxa básica de juros.
“O Brasil tem uma convergência de inflação melhor que muitos países. Inclusive, a nossa inflação de serviços está abaixo dos EUA, pela primeira vez em muitos anos, o que abre espaço para o Banco Central cair juros e continuar perseguindo essa convergência”, afirmou.
Corte em 0,5 ponto percentual
Campos Neto também afirmou que o ritmo de corte em 50 pontos é “apropriado”. No entanto, de acordo com o banqueiro central, a conjuntura do país e do mundo poderá mudar as perspectivas.
“O que a gente tem visto nas comunicações é que esse ritmo de queda de 50 pontos é apropriado. (…) A gente ainda tem mais uma reunião do Copom, claro que tudo pode mudar. Mas, do último Copom para esse, tivemos algumas mudanças globais, parece que há desinflação global; os números nos Estados Unidos; na economia local está convergindo com o que esperava; a gente, por ora, consegue continuar com esse espaço. Mas tem muita incerteza, no geopolítico, no primário, cenário global, eleições em países relevantes no mundo”, disse.
“O BC tem adotado essa postura prudente, a gente entende que 0,5 é apropriado. A batalha ainda não está ganha e ainda precisa perseverar. A last mile é a parte mais difícil da corrida, mas se não correr a última milha não chega na linha de chegada”, frisou.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre nos dias 12 e 13 de dezembro.