Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2023
De acordo com o presidente do BC, diferentemente de outros momentos, alta de preços no Brasil hoje está sendo puxada principalmente por fatores globais, e não locais
Foto: Pedro França/Agência SenadoO presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (02) que a inflação brasileira, à despeito de algumas pressões recentes vindas de combustíveis e energia, “em geral, está benigna”, e, diferentemente de outros momentos de alta de preços, está sendo puxada hoje principalmente por fatores globais, e não locais.
Ele ressaltou, entretanto, que o nível de gastos do governo brasileiro está mais alto tanto do que o de outros países emergentes quanto desenvolvidos, e que a questão fiscal permanece um ponto de atenção entre investidores e nos cenários de análise do BC.
“Temos apoiado bastante o governo para persistir na meta fiscal. No fim as contas estamos olhando para a estabilidade da trajetória de dívida de média e longo prazo, e é importante persistir na meta”, afirmou.”, afirmou Campos Neto, em referência ao objetivo traçada pelo próprio governo de cobrir e zerar o rombo das contas públicas no ano que vem.
Campo Neto falou na manhã desta segunda-feira durante participação no Abracam Talks, evento da Associação Brasileira de Câmbio em São Paulo. “Quando vemos os preços aos consumidores, há uma alta [recente] que é basicamente sazonal, por conta dos números do ano passado, mas, em geral, a inflação está benigna”, disse.
“Temos [hoje] inflação global, mas, no Brasil está melhor (…). Em 2014, por exemplo, a inflação era brasileira, não tinha inflação no mundo. Hoje, há um surto no mundo, e o Brasil teve sucesso em controla-lo e, agora, a nossa inflação está abaixo da média.”
Questão fiscal
O presidente do BC afirmou que o ponto de atenção está na questão fiscal, e que essa é uma das razões para que as expectativas de inflação para o próximo ano, na casa de 3,5%, ainda não estarem na meta.
O centro do objetivo oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024, 2025 e 2026, é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. E disse também que o real teve bom desempenho neste ano.
“O mercado acha que os números fiscais do governo vão ser piores, basicamente porque o governo vai precisar de arrecadação extra para cumprir a meta, e precisaremos ainda observar esses projetos [para aumento de arrecadação
De acordo com dados mostrados por ele, a expectativa de mercado aponta para um crescimento dos gastos do governo de 7,5% neste ano, acima da inflação, ante uma média de 1% para o total da América Latina.
Campos Neto ainda afirmou que o Brasil tem uma certa dificuldade de cortar gastos públicos. “Há uma dificuldade estrutural de cortar gastos, é uma equação que precisa ser endereçada no longo prazo.”