O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, relatou nesta quarta-feira (12) uma conversa que teve com o cantor e compositor Caetano Veloso sobre a dificuldade de comunicação do órgão com a população.
Segundo Galípolo, o cantor o questionou sobre como é feita a redação das atas do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central – que são os relatórios que explicam os motivos que levaram o órgão a decidir pela redução, manutenção ou aumento da taxa básica de juros, a Selic.
Atualmente, a taxa Selic está em 13,25% ao ano, após quatro altas seguidas definidas pelo BC. Os aumentos de juros foram muito criticados nos últimos anos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Esses dias, o Caetano Veloso, na genialidade dele, que é absolutamente plena, veio me perguntar de ‘forward guidance’ [indicações sobre decisões futuras para a taxa de juros] e redação de ata do Copom”, introduziu Galípolo.
“E eu comecei a falar para ele como é que são as escolhas das palavras. Ele falou: ‘então é que nem fazer poesia’. Eu falei que tenho certeza que as pessoas não tem o mesmo prazer lendo suas poesias do que a ata do Copom. Mas tem uma arte por trás de escolher as palavras ali [na ata do Copom]”, completou o presidente do BC.
Galípolo relatou a conversa com o cantor ao participar de um evento promovido pelo IEPE/CdG (Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças).
O presidente do BC estava falando sobre os desafios dos bancos centrais para se comunicar melhor com a população, e citou iniciativas de outras instituições ao redor do mundo, que se utilizam de redes sociais e até mesmo de “jingles”.
No evento, Galípolo também declarou que a inflação tende a permanecer acima do teto do sistema de metas até que o processo de alta dos juros vá gerando desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira.
Galípolo, que foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumiu a Presidência do BC no início deste ano, momento no qual os diretores apontados pelo governo petista também passaram a ser maioria no Comitê de Política Monetária — colegiado responsável pela definição da taxa básica de juros.
Segundo Galípolo, o Banco Central vai tomar o tempo necessário para ver se os dados confirmam uma tendência real de desaceleração da economia, e não somente volatilidade de dados de alta frequência, ou seja, os dados econômicos mais recentes, antes de tomar uma decisão de ter uma política mais suave para os juros.