Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2023
Avaliação foi feita por Roberto Campos Neto nesta quarta-feira (05), em evento transmitido pela internet
Foto: Marcello Casal Jr/Agência BrasilO custo de combater a inflação é alto para a sociedade e traz impactos “duros no curto prazo”, admitiu nesta quarta-feira (05) o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, referindo-se ao efeito da alta da taxa de juros na economia e no emprego.
Ele acrescentou, porém, que o custo de não combater a inflação “é muito mais alto e tem impactos muito mais nocivos a médio e longo prazo”. O BC tem avaliado que a alta nos preços causa prejuízos, principalmente, à população mais pobre, abocanhando proporcionalmente uma parte maior de sua renda, além de desorganizar a economia e prejudicar o planejamento das empresas.
“O custo de combater a inflação é muito alto para a sociedade, e tem impactos duros no curto prazo. Mas o custo de não combater é muito mais alto e tem impactos muito mais nocivos a médio e longo prazo. Então, nosso trabalho é fazer essa convergência [para as metas de inflação] com o mínimo custo possível”, disse Campos Neto, em evento transmitido pela internet.
O patamar dos juros brasileiros, em 13,75% ao ano, o que representa a taxa real mais alta do mundo, tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo, por desacelerar a economia e influenciar negativamente a geração de empregos. O BC autônomo é comandado Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Arcabouço fiscal
Mais cedo, Campos Neto afirmou que a proposta de arcabouço fiscal apresentada pela área econômica do governo é “super positiva” e evita uma trajetória “explosiva” para a dívida pública.
E explicou que medidas relativas às contas públicas são importantes, pois afetam o canal de expectativas do mercado financeiro, mas que não há uma relação “mecânica” entre as regras fiscais e a taxa básica de juros.
De acordo com o presidente do BC, a harmonia faz parte da relação entre o Banco Central e o ministério, no sentido de que um maior controle sobre os resultados das contas públicas tende a facilitar eventuais cortes de juros.
“O canal de expectativas é uma forma de trazer uma promessa a médio e longo prazo para ter um ganho a valor presente. Só funciona quando o canal funciona bem, e qualquer ruído faz com que o canal fique mais ‘entupido’. A gente tem tido um pouco disso [ruído] na política monetária e fiscal. Diminuir o ruído é importante”, declarou.