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Presidente do Banco Central diz que o custo de combater a inflação é alto, mas não enfrentá-la tem impactos “mais nocivos”

Campos Neto disse ainda que o BC brasileiro foi um dos primeiros a identificar a chegada de uma inflação de demanda e subir as taxas de juros para controlá-la. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O custo de combater a inflação é alto para a sociedade e traz impactos “duros no curto prazo”, admitiu nesta quarta-feira (05) o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, referindo-se ao efeito da alta da taxa de juros na economia e no emprego.

Ele acrescentou, porém, que o custo de não combater a inflação “é muito mais alto e tem impactos muito mais nocivos a médio e longo prazo”. O BC tem avaliado que a alta nos preços causa prejuízos, principalmente, à população mais pobre, abocanhando proporcionalmente uma parte maior de sua renda, além de desorganizar a economia e prejudicar o planejamento das empresas.

“O custo de combater a inflação é muito alto para a sociedade, e tem impactos duros no curto prazo. Mas o custo de não combater é muito mais alto e tem impactos muito mais nocivos a médio e longo prazo. Então, nosso trabalho é fazer essa convergência [para as metas de inflação] com o mínimo custo possível”, disse Campos Neto, em evento transmitido pela internet.

O patamar dos juros brasileiros, em 13,75% ao ano, o que representa a taxa real mais alta do mundo, tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo, por desacelerar a economia e influenciar negativamente a geração de empregos. O BC autônomo é comandado Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Arcabouço fiscal

Mais cedo, Campos Neto afirmou que a proposta de arcabouço fiscal apresentada pela área econômica do governo é “super positiva” e evita uma trajetória “explosiva” para a dívida pública.

E explicou que medidas relativas às contas públicas são importantes, pois afetam o canal de expectativas do mercado financeiro, mas que não há uma relação “mecânica” entre as regras fiscais e a taxa básica de juros.

De acordo com o presidente do BC, a harmonia faz parte da relação entre o Banco Central e o ministério, no sentido de que um maior controle sobre os resultados das contas públicas tende a facilitar eventuais cortes de juros.

“O canal de expectativas é uma forma de trazer uma promessa a médio e longo prazo para ter um ganho a valor presente. Só funciona quando o canal funciona bem, e qualquer ruído faz com que o canal fique mais ‘entupido’. A gente tem tido um pouco disso [ruído] na política monetária e fiscal. Diminuir o ruído é importante”, declarou.

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