O presidente do BC (Banco Central), Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira (11) que a recessão ficou para trás e que o sistema financeiro está pronto para voltar a atender a demanda por crédito e financiar a retomada da atividade econômica brasileira.
Ilan garantiu ainda que “não há novidades” com relação à política monetária, com as expectativas de inflação ao redor da meta de 4,5% e com as perspectivas do mercado de quedas adicionais de juros. O presidente do BC voltou a destacar a importância de reformas fiscais e creditícias para a sustentabilidade da desinflação.
Em um evento do Banco Central, ele disse que as taxas de juros no Brasil caminham para ser estruturalmente menores e que a nova TLP (Taxa de Longo Prazo), a nova taxa desenhada para atrelar os empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a uma taxa de mercado, é fundamental nesse processo.
“Se a gente consegue uma redução dos subsídios, teremos uma dinâmica da dívida pública menor, portanto a taxa de juro estrutural vai ser menor e vamos democratizar o juro baixo no Brasil”, afirmou. Ilan ressaltou que o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que financia o seguro-desemprego e o abono salarial, por exemplo, tem um déficit de R$ 18 bilhões por ano. Em suas contas, a criação da TLP cobriria R$ 15 bilhões disso.
Ele afirmou ainda que a TLP aproxima os empréstimos do BNDES ao custo do Tesouro que, por sua vez, fica um pouco acima da taxa Selic.
Troca de diretores
O presidente do BC qualificou como “normal”, após tantos anos de serviços prestados, a troca de dois diretores, anunciada em comunicado do banco. Anthero de Moraes Meirelles e Luiz Edson Feltrin deixarão o banco. Maurício Costa de Moura e Paulo Sérgio Neves de Souza, servidores de carreira do Banco Central, ocuparão os cargos de diretor de Administração e de diretor de Fiscalização, respectivamente.
Segundo o BC, a saída dos dois diretores dos cargos acontece a pedido dos mesmos. Maurício Moura ocupa desde 2015 o cargo de chefe do gabinete do presidente do BC. Já Paulo Sérgio de Souza ocupa desde agosto de 2015 a chefia do Departamento de Supervisão Bancária da instituição. Para poderem assumir, os indicados ainda têm de passar por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal e ter seus nomes aprovados pela comissão e pelo plenário da Casa.
Os diretores do BC, além de cuidarem as atribuições de suas áreas, como a fiscalização do setor financeiro, por exemplo, também votam nas decisões sobre a taxa básica de juros da economia – atualmente em 9,25% ao ano.
A expectativa do mercado é de que, com a inflação sob controle, em um cenário de baixo nível de atividade e desemprego ainda em alta, seja possível reduzir a taxa Selic para 7,5% ao ano até o fim de 2017.