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Economia Presidente do Banco Central que mais descumpriu metas da inflação deixa o cargo nesta terça

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Campos Neto afirma que, até a pandemia, cumpriu objetivos. (Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil)

A gestão de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central (BC) chega ao fim nesta terça-feira (31) como a que mais descumpriu metas de inflação. Foi em sua administração também que a taxa básica de juros, a Selic, caiu à mínima nominal histórica, de 2%, em 2020. Dois anos depois, porém, subiu de novo, e hoje está em 12,25%. A avaliação de especialistas é de que Campos Neto enfrentou períodos “anômalos”, como a pandemia de covid-19 (20202023) e guerras, como a da Ucrânia, o que explicaria o vaivém dos índices, tanto da inflação quanto da Selic.

Na sexta-feira (27), em transmissão ao vivo em que fez um balanço da gestão, Campos Neto afirmou que, neste ano, “nem o (Banco Central) do Brasil nem nenhum do mundo” cumpriu a meta de inflação. Antes, em novembro, ele havia dito que cumprira as metas nos dois primeiros anos de mandato, mas veio então a pandemia. Segundo ele, foi o momento mais tenso da gestão, pois via “uma coisa grande vindo”, mas as informações ainda eram desencontradas.

Desde 2019, quando ele assumiu, o IPCA superou o teto da meta de inflação duas vezes: em 2021, quando foi a 10,06%, a terceira maior taxa do Plano Real, e em 2022, quando ficou em 5,79%. Tudo indica que a taxa também vai superar o teto da meta neste ano, de 4,5%. Relatório Focus desta semana mostrou que o mercado projeta uma inflação de 4,91% em 2024.

Entre os quatro antecessores de Campos Neto que trabalharam sob o regime de metas, Armínio Fraga (1999-2003) perdeu o alvo duas vezes, e Henrique Meirelles (2003-2010), Alexandre Tombini (2011-2016) e Ilan Goldfajn (2016-2019), uma vez cada. Economistas dizem que o descumprimento das metas não desabona a gestão de Campos Neto.

“Se formos medir o legado pelo número de anos com a inflação acima do teto da meta, pode-se dizer que a gestão foi um fracasso. Mas não vejo dessa forma, por causa das condições anômalas que tivemos, quer pela pandemia, quer pela expansão fiscal, e em um ambiente político muito polarizado”, diz Carlos Kawall, sóciofundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro.

Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC e consultor da Pinotti & Schwartsman Associados, “todo o histórico sugere que Campos Neto não foi o banqueiro central mais conservador da face da terra”. “As decisões nunca foram irresponsáveis, mas Campos Neto tomou risco em algumas ocasiões. Apesar da fama, ele não foi um cara particularmente duro na questão inflacionária”, avalia.

A partir de janeiro, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, assume a presidência do BC. Antes, o economista formado pela PUC-SP foi secretário executivo do Ministério da Fazenda na gestão do atual titular da pasta, Fernando Haddad. (Estadão Conteúdo)

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