Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2023
De acordo com Campos Neto, os “próximos meses serão fundamentais” para avaliar se a queda da inflação vem se consolidando.
Foto: Billy Boss/Câmara dos DeputadosO presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que, por causa do comportamento recente da trajetória de preços, possivelmente ele não precisará escrever uma carta justificando o descumprimento da meta de inflação neste ano.
“Estamos nos aproximando de um quadro em que isso (não escrever a carta) é uma possibilidade real”, disse em evento promovido pelo jornal “Correio Braziliense”, em Brasília.
Nos anos em que a inflação fica fora das bandas da meta, o presidente do BC escreve uma carta para o ministro da Fazenda justificando o descumprimento.
No acumulado de 12 meses até outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 4,68%. Enquanto a meta de inflação para este ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo. Já a previsão do mercado financeiro para o IPCA, considerado a inflação oficial do país, teve redução, passando de 4,51% para 4,49% este ano. A estimativa está no Boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
No início de sua apresentação, Campos Neto afirmou que 2023 “foi um ano que teve algumas surpresas positivas”.
Ele destacou, por exemplo, que “temos visto melhora consistente [da inflação] no Brasil”, mas de uma maneira “convergente com o que achávamos que ia acontecer, nada diferente do que esperávamos”. Nesse cenário, “algumas casas começam a revisar [para baixo] as projeções de inflação para a frente”.
Mesmo assim, o mandatário do Banco Central salientou que “ainda temos trabalho para fazer” para trazer a inflação para as metas e que o Comitê de Política Monetária (Copom) tem reforçado isso em sua comunicação oficial. Uma preocupação destacada por Campos Neto foi a inflação acima da meta nas projeções para prazos mais longos.
Também de acordo com ele, os “próximos meses serão fundamentais” para avaliar se a queda da inflação vem se consolidando. O presidente do BC citou exemplos de outros países da América Latina em que a trajetória de preços recentemente voltou a surpreender para cima.
Campos Neto reforçou que o Copom avalia a inflação corrente, o hiato do produto (medida de ociosidade da economia) e expectativas de inflação para tomar as suas decisões. As expectativas consideradas são as do Focus, as implícitas nos títulos públicos e as do próprio BC. Segundo o presidente, não há relação mecânica entre, de um lado, cenários externo e fiscal e do outro, as decisões do colegiado.