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Presidente do Banco Mundial diz ver uma melhora da economia brasileira, com estabilidade do real, melhor situação fiscal e aprovação da reforma tributária

Ajay Banga (D), presidente da instituição, afirma haver avanços no Brasil. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Com pouco mais de um ano no cargo, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, diz ver uma melhora da economia brasileira, com estabilidade do real, melhor situação fiscal e aprovação da reforma tributária, mesmo com um Congresso dividido. Na última semana, o governo cortou R$ 15 bilhões do orçamento e mesmo assim o resultado fiscal deve ficar no teto da meta permitida.

Na visão de Banga, o Brasil terá uma oportunidade real de aproveitar seus ativos nos próximos anos, que vão além da credibilidade internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas causas da fome e da redução do desmatamento da Amazônia.

“Com as mudanças que acontecem no mundo, as pessoas querem realinhar suas cadeias de produção e o Brasil está bem posicionado para isso. O problema é que, da forma como essas cadeias funcionam, é preciso promover a liberalização do comércio”, afirma o executivo americano nascido na Índia, que está no Brasil para a reunião dos ministros de finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, que termina hoje no Rio.

O presidente do Banco Mundial deu seu total apoio à iniciativa da presidência brasileira no G20 de lançar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. “O que o Brasil faz ao criar a aliança é trazer foco a isso [combate à fome] e elevar esse foco. Gosto da ideia. Não é um esforço separado, mas é ótimo trazer todos juntos e sou muito solidário. O tema merece atenção real.”

A instituição atuará na aliança como parceira-líder em conhecimento, com ações na troca de experiências de políticas bem-sucedidas entre países e no fornecimento de dados. Terá ainda ações para beneficiar meio bilhão de pessoas até 2030, a partir de recursos reunidos pelos países que aderirem à aliança, com transferência de renda direta à população.

Sobre a adesão de outros países, Banga afirmou que é preciso dar um passo de cada vez. “Precisamos conseguir a adesão de mais países, mostrar que é benéfico fazer parte da aliança. O Brasil precisa que outros venham com ele, não pode pagar por tudo. Está oferecendo por metade do custo de manutenção [da aliança], faz isso para mostrar a centralidade do tema. O Brasil é um país em desenvolvimento, não é um país desenvolvido”.

Questão climática

O presidente do Banco Mundial reforçou a importância de lidar com a questão climática em conjunto com o combate às desigualdades e, por isso, a busca do que o banco chama de “um mundo habitável”. Um dos focos do trabalho do Banco Mundial neste tema está na redução de emissão de metano, com mais consequências para o ambiente que as de carbono.

“Não será possível resolver a questão da pobreza sem resolver o problema do clima, das pandemias ou da fragilidade. Antes da covid, a pobreza estava diminuindo, mas a tendência mudou. Se houver uma crise climática, as pessoas migrarão e isso pode gerar fragilidade, conflito, violência e agitação social. Se é um refugiado, está na pobreza. As coisas são interligadas. Isso está em nossa visão agora. O Banco Mundial quer erradicar a pobreza, mas num planeta habitável. É preciso ter ar, água e saúde limpos, caso contrário não se pode combater a pobreza”, explicou.

Outra prioridade é nos títulos de crédito de carbono, apesar da perda de interesse no mecanismo recentemente. Segundo ele, o objetivo é certificar alguns projetos com o “selo” do Banco Mundial, para reduzir os temores do mercado com o “greenwashing” (falsas práticas sustentáveis) e alcançar preços maiores.

 

 

 

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