Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de março de 2024
O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, afirmou nessa segunda-feira (11) que o instituto quer fazer um levantamento sobre moradores de rua e outro sobre brasileiros que vivem no exterior. E disse que quer ampliar o escopo de atuação do IBGE, fazendo com que o instituto coordene um sistema único que integre informações de diferentes produtores de dados – algo visto como desafiador pelos especialistas, contudo, considerando as diferentes bases de dados a serem integradas.
Em discurso durante cerimônia de posse da nova diretora de pesquisas do IBGE, Elizabeth Belo Hypolito, e da nova diretora de geociências, Ivone Lopes Batista, Pochmann não disse que o sistema único de informações faz parte do plano de trabalho de 2024.
Ele voltou a defender a necessidade de um reposicionamento do instituto frente aos novos desafios trazidos pela digitalização na economia global. E criticou de forma indireta o modelo de negócios das grandes empresas de tecnologia, dizendo que o Brasil precisa ampliar o que ele chamou de sua “soberania digital”.
“De acordo com as políticas de privacidade existentes por conta das big techs, elas têm acesso às nossas informações pessoais e isso se transforma num modelo de negócio no qual os nossos dados são absorvidos e revertidos em modelos extremamente exitosos do ponto de vista da lucratividade.”
Ele continua: “Enquanto o IBGE, que tem o resguardo e o sigilo estatístico, tem que ir à casa das pessoas para obter as informações num ambiente em que a polarização social e política torna mais difícil essa captura das informações. Estamos diante de uma transição para uma sociedade completamente diferente e isso exige um reposicionamento da nossa instituição.”
Pochmann também citou o interesse do instituto em elaborar novas pesquisas, como um levantamento para mensurar a população brasileira que reside nas ruas, e disse que o IBGE está em “tratativa” para realização de um levantamento dos brasileiros que não moram mais no país.
“Algo inédito e cada vez mais importante tendo em vista a quantidade de brasileiros que infelizmente nos deixaram buscando outras alternativas.”
Ele também afirmou que há uma demanda intensa de pesquisadores por dados em relação ao tema climático e ambiental, e destacou que o “diálogo” do IBGE com outros agentes internacionais – via COP 30 e Brics (que o Brasil liderará no ano que vem) – será importante para o órgão buscar as melhores metodologias existentes e validar os atuais modelos de produção de dados.
O presidente do IBGE também disse que o ano de 2024 será “chave para a instituição” avançar nas discussões em direção à criação de um sistema nacional de geociências, estatísticas e dados.
O plano de trabalho para 2024, intitulado ‘Diálogos para o Futuro’ e apresentado pelo órgão em fevereiro, prevê a arquitetura do Sistema Nacional Soberano de Geociência, Estatísticas e Dados (SINGED) pelo IBGE.
Segundo ele, será realizado um segundo encontro em maio para articular a realização de uma conferência nacional dos produtos e usuários de dados no Brasil. O objetivo é ouvir a comunidade que utiliza os dados do IBGE e aqueles “que produzem dados não oficiais que são próprios da digitalização da sociedade”, sem detalhar possíveis participantes. As informações são do jornal O Globo.