O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, confessou a aliados que se candidatará a deputado federal na próxima eleição. A decisão marca uma tentativa de retornar ao cargo a que ele renunciou em 2013, após ser condenado pela participação no mensalão. Mais do que a volta ao Congresso, pessoas com conhecimento dos planos do dirigente partidário afirmam que ele almeja ser presidente da Câmara.
O presidente do PL foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito do golpe, mas ficou de fora da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o chefe do órgão, Paulo Gonet, não ficou provado que Valdemar sabia que o relatório de uma empresa contratada pelo PL para questionar o resultado eleitoral havia sido manipulado. O documento apontava, falsamente, mau funcionamento de certos modelos das urnas eletrônicas na eleição de 2022.
Valdemar obteria foro como deputado federal, o que, em tese, teria efeito reduzido, pois o inquérito do golpe tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), e não poderia ser preso, salvo em flagrante por crime inafiançável e, mesmo assim, somente com aval da Câmara.
Articulação
O presidente do PL já começou a articular sua candidatura, especialmente na região de Mogi das Cruzes (SP), sua base política. Ele quer que prefeitos e ex-prefeitos desistam de candidaturas a deputado federal em 2026. A proposta de Valdemar é que eles disputem uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), façam campanha para ele e tenham, em troca, a campanha turbinada por recursos do partido.
O deputado federal Marcio Alvino (PL-SP) é um dos que teriam sido procurados por Valdemar para desistir de tentar a reeleição. Alvino, que reconhece ter herdado não apenas a base eleitoral, mas o número de urna do aliado, relatou uma história diferente: disse que foi ele quem procurou Valdemar quando ficou sabendo da intenção do dirigente de voltar ao Legislativo federal.
“Eu disse a ele que, se ele entendesse que eu o atrapalharia, eu não seria candidato à reeleição e gostaria de coordenar a campanha dele, como sempre fiz quando era prefeito de Guararema”, afirmou Alvino. “A resposta foi: ‘Eu vou ser candidato, mas preciso de você em Brasília’. Portanto, ele será candidato a deputado federal e eu também”, acrescentou.
Alvino confirmou que o secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura São Paulo e ex-prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PL), que almejava ser candidato a deputado federal, decidiu se candidatar a deputado estadual. “Ele deve ajudar o Valdemar e me ajudar também (na eleição)”, disse. Procurado, Ashiuchi não quis comentar.
Valdemar acionou ainda o prefeito de Itaquaquecetuba, Eduardo Boigues (PL), e o exprefeito de Jundiaí Luiz Fernando Machado (PL), que pretendem se eleger para a Câmara dos Deputados. Em nota, Boigues negou ter conversado com o presidente do PL sobre 2026. Aliados dizem que ele tem potencial para ser um dos candidatos a deputado federal mais votados da região do Alto Tietê e não deve recuar da pretensão. Boigues foi reeleito com 91,7% dos votos, o que lhe deu o posto de prefeito proporcionalmente mais votado do Brasil na eleição de 2024. (Estadão Conteúdo)