O presidente do PL (Partido Liberal, partido de Bolsonaro), Valdemar Costa Neto, tem minimizado, ao menos publicamente, os reflexos que a delação de Mauro Cid pode ter no capital político do ex-presidente.
“Minha opinião é que não vai ter efeito, não vai atingir o apoio ao Bolsonaro. Acredito nisso, por causa do fluxo de gente vindo pro PL, querendo se candidatar e se filiar”, disse Costa Neto.
O plano do mandachuva do PL é usar o ex-presidente e a sua esposa, Michelle Bolsonaro, como principais cabos eleitorais nas eleições municipais de 2024. A meta do parlamentar é eleger 1 mil prefeitos. Hoje a sigla tem cerca de 300.
A leitura não é predominante no partido. Pesquisas já vêm sendo feitas para testar os efeitos das investigações da Polícia Federal na imagem de Bolsonaro.
Polícia Federal
Para checar a delação de Cid, a Polícia Federal (PF) vai ouvir todos os envolvidos nos fatos narrados por ele, inclusive os que já haviam dado depoimento antes.
Além do próprio ex-presidente, um dos que serão chamados a depor é Filipe Martins, assessor especial de Bolsonaro que, segundo Cid, teria levado a uma reunião uma minuta de projeto “autorizando” um golpe de Estado no Brasil.
O almirante de esquadra da Marinha Almir Garnier, que teria afirmado ao ex-presidente que suas tropas estariam prontas para responder à convocação de Bolsonaro, segundo Cid, também será ouvido no inquérito.
Cid contou que teve uma reunião com a cúpula das Forças Armadas e seus ministros mais próximos, que não resultou em uma proposta de golpe de Estado porque a ideia de intervenção militar não foi aceita por unanimidade.
A PF está checando os elementos fornecidos por Cid para comprovar se o seu relato é confirmado por outras provas.
Heleno
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, tentou minimizar, na última terça-feira (26), os depoimentos que Cid, tem dado à PF sobre a tentativa de golpe que culminou no 8 de Janeiro de 2023.
Segundo o militar, o papel de Mauro Cid estava restrito a cumprir ordens dadas pelo então presidente, e que, portanto, não participava de reuniões, nem teria relevância para a tomada de decisões.
“Cid era apenas um ajudante de ordens do ex-presidente. Ou seja, cumpria ordens”, disse Heleno ao afirmar que os depoimentos de Mauro Cid estão sendo utilizados de forma indevida. “Não sei o que ele falou. Ninguém sabe”, acrescentou ao lembrar que até o momento o conteúdo está sob sigilo.