A presidente do Peru, Dina Boluarte, garantiu neste sábado (17) que permanecerá no cargo e exigiu que o Congresso antecipe as eleições gerais para acabar com a crise e os protestos desencadeados após o afastamento de seu antecessor, Pedro Castillo. “O que será resolvido com a minha renúncia? Estaremos aqui, firmes, até que o Congresso resolva as eleições antecipadas. Exijo que a votação seja reconsiderada”, disse.
Na sexta-feira, o Parlamento votou contra o avanço das eleições gerais de 2026 para 2023. O presidente do Congresso, José Williams, especificou que a reconsideração do voto está pendente em uma próxima sessão.
Em mensagem televisionada à nação, Dina lamentou os violentos protestos iniciados em 7 de dezembro, que deixaram pelo menos 22 mortos, entre menores de idade, além de mais de 500 feridos. Em alguns casos, as mortes ocorreram na sequência de confrontos com militares, autorizados a controlar a segurança interna no quadro da decretação do estado de emergência.
“Só entre calma, cordialidade e diálogo sincero e aberto poderemos trabalhar. Como vamos lutar entre os peruanos, arruinar nossas instituições, bloquear estradas?”, considerou ela.
Segundo a governante, as Forças Armadas saíram à rua para cuidar e proteger os cidadãos. “Esses grupos violentos não saíram da noite para o dia, eles se organizaram taticamente para bloquear estradas”, acrescentou a presidente.
Os manifestantes exigem a liberdade do presidente deposto Pedro Castillo, a renúncia de Dina, o fechamento do Parlamento e eleições gerais imediatas.
Os protestos têm sido mais intensos no sul dos Andes do Peru, região afetada pela pobreza e com reivindicações sociais adiadas.
Dina, natural de Apurímac, uma das zonas de conflito, transmitiu parte de sua mensagem em quíchua, idioma falado por um importante setor andino do país.
As manifestações começaram depois que Castillo, um professor rural esquerdista de origem humilde, tentou um autogolpe em 7 de dezembro, fechando o Parlamento, intervindo no poder público e decidindo por decreto.
Ele foi detido em flagrante quando tentava chegar à embaixada mexicana para pedir asilo. O tribunal decidiu na quinta-feira (15), que ele permanecerá preso por 18 meses, até junho de 2024, para ser investigado por rebelião.
Porta-vozes do Exército explicaram neste sábado que o número de “protestos radicais” diminuiu, e os que persistem buscam afetar ativos críticos no país, por meio de ações planejadas.