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Notícias Presidente do PL e correligionário de Jair Bolsonaro tenta, ao mesmo tempo, contemplar aliados do ex-presidente e evitar se indispor nos tribunais

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Presidente do partido também afirmou que legenda votará "unida" em pautas de costumes. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O presidente do PL e correligionário de Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, vem emitindo sinais difusos para se equilibrar entre a radicalização da base bolsonarista e a necessidade de se posicionar diante dos atos extremistas do dia 8 de janeiro. Embora tenha condenado publicamente as invasões aos três Poderes, ele não tomou qualquer providência a respeito dos deputados federais eleitos pelo partido e suspeitos de incitação aos ataques: André Fernandes (PL-CE) e Silvia Waiãpi (PL-AP) são alvos de um pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Agora, Costa Neto tenta se dissociar do movimento extremista para evitar que seus problemas com a Justiça se agravem. Em novembro, o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou o bloqueio das contas do PL após a legenda entrar com uma ação contestando o resultado da eleição, sem apresentar provas. O discurso que busca deslegitimar as urnas é a principal bandeira do grupo que invadiu e depredou as sedes do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.

A outra variável da equação de Costa Neto não está na esfera judicial, mas política. Qualquer movimento incisivo contra os aliados do ex-presidente pode criar uma cizânia interna. Um eventual racha no PL poria em risco a musculatura do partido, que elegeu 99 deputados e se tornou a maior bancada da Câmara, um ativo caríssimo para o presidente da legenda.

No caminho do meio, ainda sem fustigar aliados, Costa Neto já avisou que expulsaria filiados que fossem flagrados na multidão de extremistas. Oficialmente, a legenda argumenta que qualquer procedimento só será aberto após o término das investigações em curso. Em contrapartida, o PL informou ainda que não bancará a defesa de ninguém que responda a processos relacionados aos ataques.

Nos bastidores, a fim de evitar saias-justas, o cacique da legenda já fez chegar aos correligionários que não quer ver discursos de defesa dos episódios do dia 8. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) foi um dos que chegou a reclamar nas redes sociais das prisões dos autores dos ataques. Ele também afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e Alexandre de Moraes deveriam ser responsabilizados por abuso de autoridade. O parlamentar é só elogios à atuação do mandatário da sigla, a quem classifica como “líder”.

“O presidente Valdemar tem buscado manter a bancada unida. E, para isso, tem atendido a todos de forma igual. Ele se mostra mais que um presidente de partido, um grande líder”, afirmou Jordy, eleito em 2018 e 2022 na esteira do bolsonarismo.

A encruzilhada de Valdemar Costa Neto apenas se tornou mais complexa depois das cenas de vandalismo vistas em Brasília duas semanas atrás. Desde o final de 2021, quando Jair Bolsonaro e vários de seus aliados entraram no PL, o cacique da legenda precisa se equilibrar entre os pleitos do grupo do ex-presidente e os políticos que já estavam na sigla anteriormente. Estes formam a maioria e dividem as trincheiras com Costa Neto há mais tempo. Na bancada da Câmara, por exemplo, apenas um terço dos quadros é formado por bolsonaristas. Com frequência, os interesses das duas alas não convergem. Além disso, quase sempre, há representantes dos dois lados trabalhando por espaços.

Sinais a Lula

A distribuição feita por Costa Neto prioriza a turma apelidada de PL raiz, ou seja, pré-Bolsonaro. O líder do partido na Câmara, por exemplo, é Altineu Côrtes (RJ), representante da ala mais tradicional da sigla. Ele permanecerá no posto por mais um ano.

A vice-presidência da Câmara, a segunda cadeira mais cobiçada da Casa, pertence ao PL. O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), da bancada evangélica e ligado ao ex-presidente, deverá ser o escolhido do partido para assumi-la. A indicação é simbólica. Hoje, o posto é ocupado por Lincoln Portella (MG), quadro histórico da legenda e sem qualquer vinculação ao bolsonarismo.

O pluralismo do PL extrapola a dicotomia entre quadros tradicionais e bolsonaristas. Um grupo de parlamentares da sigla sobretudo de estados do Nordeste, já emitiu sinais claros na direção de Luiz Inácio Lula da Silva. Deputados como João Carlos Bacelar (BA) e Wellington Roberto (PB) já votaram a favor de projetos de interesse do novo governo.

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