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Política Presidente do Supremo acirra disputa entre os Poderes ao afirmar que o sistema que viabiliza a eleição para a Câmara dos Deputados “é caro demais e dificulta a governabilidade”

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Para o presidente do Supremo, o atual sistema é caro porque as eleições proporcionais fazem com que o candidato tenha que fazer campanha em todo o estado.

Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE
Para o presidente do Supremo, o atual sistema é caro porque as eleições proporcionais fazem com que o candidato tenha que fazer campanha em todo o estado. (Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, criticou nessa sexta-feira (17) o sistema usado no Brasil para eleição de deputados federais. Para o magistrado, é um formato que “não serve bem ao país” por ser caro, ter baixa representatividade e dificultar a governabilidade.

Barroso defendeu o chamado sistema distrital misto. Este formato proposto pelo magistrado é uma combinação do atual modelo, o proporcional, mas com voto nos partidos, com a votação majoritária de candidatos divididos por distritos dentro de cada estado.

“Temos um sistema político eleitoral, sobretudo nas eleições para a Câmara dos Deputados, que não serve bem ao país porque é caro demais, tem baixa representatividade e dificulta a governabilidade”, afirmou o ministro, durante seminário 35 Anos da Constituição de 1988, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

De acordo com o presidente do Supremo, o atual sistema é caro porque as eleições proporcionais fazem com que o candidato tenha que fazer campanha em todo o estado. Também favorece a manutenção de baixa representatividade, de acordo com o magistrado, pois a votação é em lista aberta.

“O eleitor vota em quem ele quer, mas o voto, na verdade, vai para o partido. E são os mais votados do partido que obtêm as vagas”, afirmou. “Quase todos são eleitos por votação dos outros, pela transferência interna [de votos] do partido”.

Para Barroso, o atual sistema também dificulta a governabilidade porque “fomenta um pouco a atomização partidária, a fragmentação partidária, exigindo um presidencialismo de coalizão, que é muitas vezes antagônico a interesses republicanos”.

O presidente do STF afirmou que, no atual sistema, o eleitor “não sabe quem ele elegeu e o candidato não sabe por quem ele foi eleito”.

“Um não tem de quem cobrar e o outro não tem a quem prestar contas. É um sistema que não pode funcionar e leva a um descolamento entre a classe política e a sociedade civil”, declarou.

Barroso ainda afirmou que o mundo inteiro se queixa dos sistemas representativos. “A democracia vive um momento difícil em que ninguém hoje se sente bem representado”, disse.

Outros pontos criticados pelo magistrado foram a “apropriação privada” do Estado por grupos dominantes e “elites extrativistas” e o sistema tributário brasileiro.

“A classe dominante tem um sistema tributário que a favorece, em que a ênfase na arrecadação é sobre impostos de consumo e a tributação da renda e do capital é inferior à média dos países do mundo, de maneira geral”, afirmou Barroso defendeu uma distribuição mais justo dos tributos.

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