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Presidente do Supremo diz que extremistas de direita e esquerda se aproveitam de falhas da democracia

Declaração de Barroso ocorreu no evento Papo Supremo, onde o ministro fez palestra para estudantes. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse que os “populismos extremistas de direita e de esquerda” se aproveitam da falta de igualdade e de prosperidade para se infiltrar nas democracias. A declaração ocorreu no evento Papo Supremo, onde o ministro fez palestra para estudantes do Sesi, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nessa quarta-feira (23).

Após falar sobre sua trajetória e da importância da dedicação aos estudos e do autoconhecimento, Barroso fez considerações sobre democracia, inteligência artificial e mudanças climáticas.

“Quem pensa o mundo tem que se apegar aos valores democráticos, mas os populismos extremistas de direita e de esquerda fluem pelos desvãos da democracia, que são basicamente as promessas não cumpridas de prosperidade e de igualdade de oportunidade para todas as pessoas. Esse continua sendo o grande compromisso não cumprido das democracias”, disse o ministro.

Sobre a IA, Barroso ponderou que se trata de uma ferramenta poderosa que revolucionará a vida das pessoas, mas chamou a atenção para o dever de “mantê-la em uma trilha ética que sirva à causa humana”.

Quando abordou a mudança climática, Barroso ressaltou a importância dos povos indígenas para a preservação do meio ambiente. “As comunidades indígenas demarcadas são uma das formas importantes de se preservar o meio ambiente no País. As áreas legitimamente demarcadas são as áreas de melhor preservação ambiental”, ressaltou o magistrado.

Barroso terminou sua fala ressaltando a necessidade de combater a pobreza, crescer economicamente por meio da reindustrialização e garantir educação, saúde, transporte e outros direitos para promoção da cidadania.

O ministro afirmou ainda que, nos últimos anos, os direitos das mulheres, da população negra, da comunidade LGBTQIA+ e das pessoas com deficiência só aumentaram. Para o presidente do STF, muito dessa evolução ocorreu de ações do Judiciário, como bolsas para profissionais negros se qualificarem e poderem concorrer no exame de magistratura.

Fake news

Barroso afirmou nessa quarta que o inquérito das fake news foi “decisivo para enfrentar o extremismo no Brasil”. A data marca os 15 anos do ministro Dias Toffoli na Corte, responsável pela instauração do processo em 2019.

Durante o lançamento de um livro sobre a trajetória de Toffoli, Barroso afirmou que a abertura do inquérito foi “controvertida”, mas que depois os ministros se convenceram de sua importância. Segundo o presidente do Tribunal, essa decisão um dia será “registrada na história”.

“Nós conseguimos evitar que no Brasil acontecesse coisas como aconteceram na Hungria, na Polônia, na Turquia, na Venezuela, ou na Nicarágua, que foi o extremismo, o populismo, derrotar as instituições”, afirmou.

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