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Presidente do Supremo diz que recebeu ligação de Lula “preocupado” com impunidade sobre incêndios criminosos

De acordo com Barroso, além de graves, os crimes ambientais são violações de direitos humanos. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (16) que o Judiciário precisa tratar os crimes ambientais “com a gravidade” que esses delitos possuem.

“São crimes que se tornaram gravíssimos”, disse, ao chamar a atenção de autoridades policiais e de juízes. O magistrado também informou que recebeu uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “preocupado” com a impunidade sobre queimadas intencionais.

“O próprio Presidente da República, que me telefonou preocupado, com a circunstância de impunidade em relação a essas queimadas dolosas, enquanto que daqui faço já, primeiro, ao poder judiciário e aos juízes que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, disse Barroso.

A declaração foi feita na abertura da segunda reunião do Observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas do Poder Judiciário, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O CNJ é presidido pelo presidente do STF.

Em entrevista a jornalistas do lado de fora do evento, Barroso disse que Lula estava preocupado com situações em que a Polícia Federal (PF) agia e com o temor de que a Justiça não tivesse a celeridade e o rigor necessários. “E por isso eu fiz o apelo ao Poder Judiciário de todo o País para tratar esse delito com a seriedade que merece”, afirmou.

De acordo com Barroso, além de graves, os crimes ambientais são violações de direitos humanos e “resultam em consequências dramáticas, inclusive violando o direito à vida, direito à integridade, direito de propriedade”.

“Estamos diante de um novo problema, que são os crimes ambientais e alguns já tradicionalmente reconhecidos, embora ainda não enfrentados suficientemente, mineração ilegal, extração ilegal de madeira, desmatamento, grilagem de terras. E agora nós temos essa situação de queimadas que também precisa ser enfrentada com a seriedade própria”, declarou o magistrado a jornalistas, no CNJ.

Para o presidente do Supremo e CNJ, o Brasil vive uma “situação de emergência” com a maior seca da história.

“Mesmo os planos que o Supremo determinou que o governo elaborasse, no conjunto de ações que julgou recentemente, eles ainda estão no prazo, estão sendo apresentados. Na verdade, a intensidade da seca, de certa forma, surpreendeu a todos e nós estamos todos preocupados em enfrentar na medida da competência de cada um”, afirmou.

Durante o evento, Barroso também falou que é preciso uma campanha de conscientização para que a população deixe de usar o fogo na época da seca.

“Tem a ação criminosa deliberada, que é de tacar fogo na mata mesmo, e tem a ação culturalmente de queima de lixo, que também tem servido para propagar essas queimadas que estão devastando o país. De modo que era preciso uma campanha de conscientização da população, de não utilização do fogo em nenhuma circunstância, sobretudo no período de seca”, disse.

O magistrado anunciou que vai convocar todos os tribunais do País para que apresentem planos ambientais para economia de energia e substituição por usinas solares. O ministro disse que conseguiu um financiamento para projetos do tipo junto ao Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como “banco dos BRICS”, presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

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