A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, negou o pedido da defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para que um dos inquéritos contra ele na Corte fosse retirado do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato, e enviado ao gabinete do colega Gilmar Mendes.
O processo foi aberto com base nas delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht. De acordo com delatores, o parlamentar tucano recebeu propina para defender os interesses da empresa no chamado “Projeto Madeira”, destinado à construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau (PA).
Para justificar o pedido de redistribuição, o advogado Alberto Toron argumentou que o caso trata da atuação de Aécio no âmbito do setor elétrico, mesmo tema de outro inquérito relatado por Mendes, no qual o senador do PSDB é investigado por desvios na diretoria de hidrelétrica de Furnas, uma das subsidiárias da Eletrobras.
Em decisão datada da última segunda-feira, Cármen Lúcia frisou não haver conexão entre os casos. Ela determinou que inquérito seja encaminhado para o mesmo relator que for sorteado para tratar de outras cinco investigações que tratam de desvios nas obras do Projeto Madeira, cuja redistribuição ela já determinou. É possível, porém, que Mendes seja sorteado.
No início de agosto, Mendes havia criticado o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ser questionado sobre o novo pedido de prisão de Aécio Neves. “Janot é um ator político-jurídico e eu acho bom que atores jurídico-políticos leiam a Constituição antes de seguir as suas vontades”, ”, acusou o magistrado, em alusão à insistência de Janot em pedir a prisão de Aécio.