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Presidente do Tribunal de Contas da União sugere desvinculação dos benefícios previdenciários do aumento do salário mínimo

Presidente do TCU, Bruno Dantas disse que os detalhes ainda serão discutidos tanto com a CGU quanto com os órgãos fiscalizadores regionais. (Foto: Reprodução/Prefeitura Feira de Santana-BA)

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, sugeriu a desvinculação dos benefícios previdenciários do aumento do salário mínimo, apoiando-se em estudos que mostram aumento de desigualdade pela indexação.

“Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) têm olhado para o fiscal. Espero que os demais atores também passem a seguir essa linha”, afirmou Bruno Dantas.

A desindexação do salário mínimo da Previdência Social foi alvo de embate entre a ministra do Planejamento e Orçamento e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), em maio.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Tebet disse avaliar a desvinculação dos benefícios da Previdência Social da política de valorização do salário mínimo. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou uma correção do salário mínimo que garante um reajuste acima da inflação. A medida tem implicações para os gastos da Previdência Social, que, atrás do pagamento dos juros da dívida, é a principal despesa do governo.

Tebet defendeu corrigir pela inflação. A presidente do PT declarou que a ideia é ruim e contraria o programa do presidente Lula. “Se adotadas, iriam prejudicar diretamente milhões de aposentados”, disse.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cortou R$ 5,7 bilhões em despesas não obrigatórias no Orçamento neste ano. Por outro lado, o crescimento da demanda por benefícios previdenciários levou o Executivo federal a aumentar em R$ 13 bilhões a previsão para o pagamento de aposentadorias, pensões e outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A proposta de desvinculação enfrenta resistências dentro do governo. “A Previdência Social, sob a tutela do PDT, que estou representando, jamais aceitará qualquer retirada de dinheiro. Arranjem outro, que comigo não passa”, afirmou o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, no dia 23 de maio.

O presidente Lula retomou a valorização do mínimo, o que, na avaliação de Dantas, é plenamente legítimo, uma vez que foi uma de suas bandeiras de campanha. No entanto, segundo o presidente do TCU, é preciso questionar se a indexação dos benefícios previdenciários ao salário mínimo não é um vetor de aumento da desigualdade no País.

Dantas disse que o Tribunal tem visto com preocupação o contencioso entre os poderes Executivo e Legislativo em matéria de benefícios fiscais e reposição orçamentária. “O artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal existe desde 2001. Não é um dispositivo novo. Historicamente este dispositivo foi observado, exceto quando o TCU condenou as contas da presidente Dilma exatamente porque se observou ali a utilização de bancos públicos para financiar políticas públicas em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.”

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