O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a alertar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra o uso de armas não convencionais – como nucleares, biológicas ou químicas – para tentar virar a maré da guerra na Ucrânia a favor de Moscou, dizendo que tal ação “mudaria o rumo da guerra de forma sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial”. Putin também vem sofrendo pressões de aliados da China e da Índia esta semana.
Falando em entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS News que está programado para ir ao ar neste domingo (18), Biden disse que a resposta dos Estados Unidos seria “substancial”, embora ele tenha se recusado a entrar em detalhes.
“Você acha que eu diria a você se eu soubesse exatamente o que seria? Claro que não vou te contar. Vai ter consequências”, disse Biden, de acordo com um trecho da entrevista . “Eles vão se tornar mais párias no mundo do que nunca. E, dependendo da extensão do que eles fizerem, determinará qual resposta ocorreria.”
Seu aviso foi em resposta à pergunta de um entrevistador e não com base de uma nova atualização de inteligência sobre o andamento do conflito. Os comentários foram feitos no momento em que as forças russas estão cambaleando por causa de retiradas no campo de batalha na Ucrânia e enquanto Putin enfrenta questões cada vez mais intensas em casa sobre como ele conduziu a guerra.
Algumas autoridades ocidentais expressaram preocupação de que quanto mais acuado Putin se sentir, maior será a chance de ele recorrer a armas não convencionais, como uma arma nuclear tática ou de baixo rendimento, que pode ser disparada a distâncias relativamente curtas, em oposição a armas nucleares “estratégicas” que podem ser lançadas a distâncias muito maiores.
Em abril, o diretor da CIA alertou sobre como Putin poderia recorrer a essas armas em “desespero”. O diretor, William Burns, disse que é uma possibilidade que os Estados Unidos continuam “muito preocupados”, embora tenha dito que, naquela fase da guerra, Washington não viu “evidências práticas” dos tipos de destacamentos militares ou movimento de armas para sugerir que tal ação era iminente. Biden disse repetidamente que o uso de tais armas teria sérias consequências.
Apesar dos reveses e da perda de dezenas de milhares de soldados russos na Ucrânia, Putin não mostrou sinais de mudança de rumo. Na sexta-feira, ele ameaçou intensificar os ataques de suas forças.
Em uma entrevista coletiva no Usbequistão na conclusão de uma cúpula regional, Putin afirmou que a Ucrânia estava tentando realizar “atos terroristas” dentro da Rússia e “danificar nossa infraestrutura civil”.
A Ucrânia ocasionalmente atingiu alvos militares e de combustível na região fronteiriça da Rússia, mas negou ter como alvo a infraestrutura civil, e Putin não ofereceu nenhuma evidência para apoiar sua afirmação.
“Estamos, de fato, respondendo com bastante moderação, mas isso é por enquanto”, disse Putin. “As forças armadas russas deram alguns golpes sensíveis lá. Bem, o que dizer disso? Vamos supor que estes são avisos. Se a situação continuar a se desenvolver dessa maneira, a resposta será mais séria”.
O presidente da Ucrânia, Volodmyr Zelensky, procurou aproveitar os avanços militares de seu país para reforçar a determinação dos aliados ocidentais, usando isso como prova de que a Ucrânia é capaz não apenas de montar uma defesa eficaz, mas também de expulsar as forças russas do país e ganhar o guerra.
Ao mesmo tempo, ele pediu ao mundo que responda às crescentes evidências de atrocidades em partes recentemente desocupadas do nordeste da Ucrânia.