Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2024
Presidente nacional do PSD, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab sai do
processo eleitoral com o seu partido ostentando a condição de sigla com a maior quantidade de prefeitos do País (888 municípios conquistados), administrando 27, 6 milhões de eleitores, quase a mesma fatia obtida pelo MDB ( 27,7 milhões).
Ele afirma que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem é secretário de Governo, é uma liderança que hoje unifica os partidos de centro e de direita, mas faz a ressalva de que isso vale para São Paulo. Tarcísio, na opinião de Kassab, é uma liderança estadual, não nacional.
No plano nacional o presidente do PSD vê um cenário em aberto com três campos demarcados: um é o da direita, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, formado pelo PL, Republicanos e PP. O outro é o da esquerda, cuja referência é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrado por PT, PSB, PDT e PSOL. O terceiro, e maior deles, é o formado pelo Centro, integrado por PSD, MDB e União Brasil. “O problema do Centro é a falta de opções majoritárias”, opina.
A seguir trechos da entrevista de Kassab:
1) O PSD tem agora o maior número de prefeitos e a maior população
governada no Brasil. Isso muda algo na política nacional?
Acho que vou na contramão do que muitos tem colocado. A
eleição mostrou uma direita com cara, uma esquerda com cara e um centro que está ficando com uma cara. O Centrão não existe mais. Quando se fala em Centrão, se perde a capacidade de se fazer a leitura correta do quadro político, porque hoje está tudo muito mais ideológico, muito mais definido. O Centrão era um grupo político, mas hoje o PL e o PP são partidos sob liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro. O Bolsonaro fez uma direita no Brasil. O último que tinha feito isso foi o Paulo Maluf, agora o Bolsonaro fez. O PSD e o MDB não são partidos de direita. Eu acho que o União Brasil também não é.
2) E porque não são?
Veja as lideranças regionais, os projetos locais. Salvo o Ronaldo Caiado que
tem uma posição mais conservadora, você não identifica no União Brasil um projeto sob a liderança da direita.
3) Por que o PSD não é de direita?
O PSD desde o início é centro. Eu nunca fui Centrão. É um partido com
nitidez ideológica no centro. É evidente que, como em qualquer lugar, quem é de centro tenha seu antagonismo com quem é de direita e quem é de esquerda. É evidente que o Ratinho Júnior [governador do Paraná] está mais à direita e o Otto Alencar [senador pela Bahia] está mais à esquerda. Mas os dois se apresentam como de centro. Quando alguém se apresenta como alguma coisa é porque é. No Paraná foi a direita que se aliou a ele e a esquerda não. Isso não é fisiologismo, é próprio do centro. O partido cresce porque tem buscado candidatura própria. Temos Eduardo Paes, Ratinho, Eduardo Pimentel, Topázio Neto, Eduardo Braide, Rodrigo Pacheco…Eu mesmo sou um quadro para disputa majoritária. É um partido que tem 15 senadores. Se prepara para disputar eleições, haja visto os prefeitos que a gente elegeu. É um partido que quer se posicionar com candidaturas próprias. E um partido de centro tem menos arestas para compor tanto com a esquerda quanto com a direita. Se você está em uma eleição definidora, lógico que um dos pólos vai estar com você e outro contra. Veja Curitiba. O Eduardo Pimentel está contra a candidata de direita apoiada pelo Bolsonaro. Então evidente que o eleitor de esquerda vai votar nele. Você pega o Fuad Noman em Belo Horizonte. Está contra uma candidatura de direita, evidente que o eleitor de esquerda vai votar nele. Agora
em Caucaia, no Ceará, é o contrário. O eleitor de centro hoje é majoritário. Na minha visão a direita é o PL e os outros que citei e eles tiveram no primeiro turno, que é o que importa, 32 milhões de votos. Se você aceitar que o PSD, MDB e União Brasil são centro, tiveram 40 milhões de votos. Se você aceitar que PT, Psol, PDT e PSB são de esquerda , tiveram 23 milhões de votos. Os outros são os outros. Isso mostra que o brasileiro é moderado. O problema do Centro no Brasil é a falta de opções majoritárias. Na hora que o PSD surge com candidatos, ele tem bom desempenho. Tivemos um crescimento orgânico.