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Por Redação O Sul | 13 de dezembro de 2017
Mesmo preso há 15 dias, o ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues continua na presidência do PR. E dentro do partido não existe, no momento, nenhum movimento para afastá-lo do posto. Segundo um integrante do partido, não há motivo para afastá-lo do comando, porque não houve julgamento. Dirigentes entendem que ele seja inocente no episódio.
O status de Rodrigues não deve mudar tão cedo. A assessoria do PR disse que a troca do presidente do partido só poderia ser feita com a realização de uma convenção. “Não há previsão nem solicitação para realização de convenção com objetivo de mudança na Executiva Nacional do Partido”, informou a sigla.
O nome de Rodrigues aparece como dirigente máximo no site da legenda. Na tarde da última segunda-feira, O Globo ligou para a sede da sigla em Brasília e perguntou para a telefonista o nome do presidente. A resposta da telefonista foi: Antonio Carlos Rodrigues.
O ex-ministro é acusado pelo MP (Ministério Público) de ter negociado com a JBS a doação de dinheiro oriundo de propina para a campanha de Anthony Garotinho ao governo do Rio em 2014. O presidente do PR é suspeito de corrupção, extorsão e participação em organização criminosa.
No dia 22 de novembro, no âmbito da Operação Chequinho, policiais federais prenderam os ex-governadores do Rio Garotinho e Rosinha Matheus. O presidente do PR também era alvo de um mandado de prisão, mas não foi localizado em seus endereços em São Paulo e passou seis dias foragido. Ele só se entregou no dia 28, em Brasília.
Em maio, o senador Aécio Neves (MG) anunciou a sua licença da presidência do PSDB, um dia depois de ser divulgado que ele foi gravado pedindo R$ 2 milhões para o empresário Joesley Batista, sócio da JBS. Aécio permaneceu na condição de presidente licenciado até a convenção dos tucanos realizada no último sábado, quando o governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi escolhido o novo presidente.
No caso de Rodrigues, ele ainda tem o empecilho de estar distante da sede de seu partido. Dois dias depois de se apresentar à PF, ele foi transferido para a Cadeia Pública de Benfica, no Rio.
Na sua ausência, quem responde pelo partido, na assinatura de documentos e em trâmites burocráticos, é o vice-presidente da sigla, Tadeu Candelária, fiel aliado de Rodrigues em São Paulo.
Influência de Costa Neto
Apesar de não ter cargo formal na direção, quem dá as cartas no PR é o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado a sete anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão.
Valdemar ficou preso entre dezembro de 2013 e novembro de 2014, quando progrediu para a prisão domiciliar. Desde que deixou a cadeia, o ex-deputado participa das articulações do partido, inclusive em relação às demandas junto ao governo do presidente Michel Temer. O PR faz parte da base governista no Congresso e ocupa o Ministério dos Transportes.
No governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a legenda ocupava a mesma pasta, mas o titular do cargo era o próprio Rodrigues. Antes, ele ocupou o cargo de senador como suplente de Marta Suplicy e presidiu a Câmara Municipal de São Paulo por quatro anos.