Foi feita em tom baixo a primeira declaração pública do ex-deputado Eduardo Cunha após sua prisão: “É uma decisão absurda”. A frase foi pronunciada na saída do IML (Instituto Médico Legal) de Curitiba (PR), diante de um batalhão de repórteres.
Preso pela Operação Lava-Jato, Cunha passou os primeiro dias no cárcere entre reuniões com advogados e a leitura do pedido de prisão, que o acusa de tentar obstruir a investigação e intimidar testemunhas. Um de seus primeiros pedidos aos advogados foi uma cópia do processo. Ele vem estudando ponto a ponto os argumentos do Ministério Público Federal, faz anotações e sublinha os trechos que considera mais frágeis, repetindo que “não há fatos novos”.
Os relatos da carceragem são que o ex-deputado mantém uma atitude quase impassível: não sua, não treme e não demonstra nervosismo, permanecendo calmo. Em Curitiba, Cunha contratou o escritório do advogado Marlus Arns de Oliveira, que fez as delações premiadas dos executivos da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite e do empresário João Bernardi Filho.
O defensor diz que a delação “não está no horizonte” e que é preciso estudar o processo. O escritório também integra a defesa da mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz, que responde a ação por corrupção na Lava-Jato.
Os advogados do ex-deputado devem entrar com um pedido de habeas corpus no TRF (Tribunal Regional Federal) pedindo a sua soltura. “Vamos discutir a competência da Justiça Federal porque é um processo que já estava em trâmite no STF, e se estão presentes os requisitos da preventiva”, disse Arns. Para ele, não há motivos para a prisão. “Se não tem fato criminoso, não precisa prender preventivamente.” (Folhapress)