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Preso há mais de três meses, influenciador gaúcho Nego Di presta depoimento à Justiça

Denúncia do Ministério Público envolve estelionato e outros crimes. (Foto: Reprodução)

Mantido desde 14 de julho na Penitenciária Estadual de Canoas (Região Metropolitana de Porto Alegre) desde o dia 14 de julho, o influenciador digital e humorista gaúcho Dilson Alves da Silva Neto, popularmente conhecido como “Nego Di”, foi interrogado pela Justiça nessa sexta-feira (18). Ele é alvo de denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) por estelionato, lavagem de dinheiro, realização de rifas ilegais e uso de documento falso.

Também prestaram depoimento um segundo investigado, além de testemunhas e vítimas do esquema, no qual diversos consumidores realizaram compras em loja virtual, sem jamais receberem os produtos. O próximo passo é a etapa de alegações finais, seguida pela definição de sentença.

Ao longo desses mais de três meses atrás das grades, Nego Di (que ficou conhecido nacionalmente ao participar de uma das edições do reality-show Big Brother Brasil) teve recusados três pedidos de soltura. A Justiça também negou a substituição da prisão por medidas alternativas como o uso de tornozeleira eletrônica.

Em sua defesa, o influenciador argumenta não ter sabido que os consumidores eram enganados. Para o MP e a Justiça, porém, ele jamais impediu que as vendas prosseguissem. O comércio eletrônico foi realizado por meio do site tadizuera.com.br, entre março e julho de 2022 – ao menos 370 pessoas foram lesadas ao pagarem por televisores, celulares, eletrodomésticos e outros artigos. As quantias nunca foram devolvidas.

A companheira de Nego Di também é investigada por envolvimento em suposto esquema de lavagem de cerca de R$ 2 milhões com rifas virtuais. Ela chegou a ser presa em flagrante com ele, por manter na residência do casal na praia de Jurerê Internacional (SC) uma pistola de uso restrito às Forças Armadas. Mas acabou solta dias depois.

Histórico

Dilson Alves da Silva Neto teve a primeira prisão preventiva decretada no dia 12 de julho, pela juíza Patrícia Tonet, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Canoas (Região Metropolitana), onde é mantido desde então. Ele foi alvo de ordens judiciais na praia de Jurerê Internacional, litoral de Santa Catarina, onde possui imóvel, e transferido para o Rio Grande do Sul.

Apenas três dias depois, um primeiro recurso foi negado pelo desembargador Honório Gonçalves da Silva Neto, da 7ª Câmara Criminal do TJ-RS. No dia 26, a mesma juíza negou o segundo pedido de revogação da prisão preventiva.

A situação se complica: no dia 25 de agosto, Nego Di foi condenado pela 4ª Vara Criminal de Porto Alegre a indenizar em R$ 10 mil à deputada estadual Luciana Genro (Psol) por danos morais. Também foi considerado culpado por difamação e injúria, sendo estabelecida a pena de um ano e um mês de detenção, em regime aberto, mais 20 dias-multa no valor de um décimo do salário-mínimo.

No entanto, em razão do tempo da pena (inferior a quatro anos) e circunstâncias do crime, foi concedida a substituição da pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos, conforme previsto no Código Penal.

Uma das penas será de prestação de serviços à comunidade, na razão de uma hora diária por dia de condenação, pelo período de um ano, um mês e dois dias – o local de cumprimento será definido. A outra será a prestação pecuniária, com destinação social indicada pelo juízo da execução – no valor de cinco salários mínimos nacionais vigentes ao tempo do pagamento. Cabe recurso da decisão.

Luciana apresentou queixa-crime contra o influenciador, que, em um vídeo publicado no seu canal no YouTube, a chamou de velha, maconheira, sem-vergonha” e também proferiu os dizeres “vá tu te f*, maconheira sem-vergonha”. Segundo a autora da ação, em 11 de março de 2020, a publicação contava com 153.995 visualizações e 726 comentários. O réu alegou que o material produzido fazia parte do conteúdo de “humor ácido” de seu personagem.

Depósito fake

Nego Di também buscou ampliar a sua visibilidade durante as enchentes de maio no Rio Grande do Sul, alardeando nas redes sociais um suposto gesto de desprendimento financeiro: a doação de R$ 1 milhão em uma campanha de arrecadação para as vítimas da catástrofe. Ao acessar as contas do investigado por meio da quebra de sigilo bancário, porém, o Ministério Público (MP) identificou somente um pix de R$ 100.

O humorista foi a público repetidas vezes, na época, para questionar e criticar a atuação das autoridades durante a calamidade. E ainda direcionou sua “metralhadora-giratória” para celebridades como Xuxa Meneghel.

(Marcello Campos)

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