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Brasil Preso no Japão, o brasileiro Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan e da Renault, afirmou ser vítima de uma conspiração

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Acusado de crimes financeiros, ele aguardava julgamento há mais de 1 ano no Japão (Foto: Reprodução)

O executivo Carlos Ghosn afirmou ser vítima de uma conspiração que levou à sua prisão e negou ser culpado das acusações das quais é alvo no Japão. Em sua primeira entrevista desde que foi detido em novembro do ano passado, o brasileiro disse ao jornal Nikkei, nesta quarta-feira (30), que as acusações foram “plantadas” contra ele.

A entrevista durou cerca de 20 minutos e foi concedida dentro do centro de detenção de Tóquio onde o ex-presidente da Nissan aguarda julgamento. De acordo com Ghosn, executivos da Nissan, que eram contra a maior integração com a Renault, foram os responsáveis pelo complô. O executivo planejava aprofundar as relações dentro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, da qual foi o idealizador.

Ghosn disse que discutiu planos para integrar as companhias com o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, em setembro de 2018. Na entrevista, o brasileiro alegou que queria incluir o CEO da Mitsubishi Motors, Osamu Masuko, nas negociações, mas Saikawa não concordou.

A Nissan disse que não irá comentar as afirmações feitas por Ghosn nesta quarta, informou a agência Reuters. Em declarações passadas, Saikawa já havia rejeitado a possibilidade de um “golpe” contra Ghosn. Na entrevista à imprensa japonesa, Ghosn também negou que tenha sido “linha dura” no comando da aliança.

Fraudes fiscais

Considerado até então um executivo “superstar” do setor automotivo, Ghosn é acusado de violações e fraudes fiscais envolvendo a Nissan, bem como do uso de recursos da empresa para benefícios particulares e para cobrir prejuízos em investimentos pessoais.

Não há previsão de que ele deixe a prisão. Na semana passada, Ghosn renunciou à presidência da Renault, perdendo o último cargo que ainda detinha dentro de montadoras.

Pedido de fiança

A Justiça do Japão rejeitou, no dia 22 deste mês, o segundo pedido de fiança feito pela defesa de Carlos Ghosn. No pedido, o executivo brasileiro disse que aceitaria qualquer condição para deixar a prisão sob fiança, inclusive usar tornozeleira eletrônica. O tribunal de Tóquio que analisou o pedido não esclareceu o motivo da decisão que negou a solicitação. A fiança raramente é concedida para réus no Japão sem uma confissão.

A decisão aumentou a probabilidade de que o executivo de 64 anos permaneça sob custódia até o julgamento. “Irei ao meu julgamento não só porque estou legalmente obrigado a fazê-lo, mas porque estou impaciente por ter a oportunidade de me defender. Não sou culpado do que me acusam e quero defender minha reputação no tribunal. Nada é mais importante do que isso para mim e para minha família”, destacou Ghosn.

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