Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2023
O ex-candidato à presidência Paraguayo Cubas, que denunciou uma fraude após ter ficado em terceiro lugar nas eleições de domingo, foi detido nesta sexta-feira (05), de forma preventiva, sob acusações de perturbação da tranquilidade pública, informou a Polícia.
A prisão aconteceu por ordem da Procuradoria do Paraguai, segundo a polícia. Depois de perder as eleições para Santiago Peña, Cubas comandou protestos para contestar os resultados —não há nada que tenha colocado os resultados em xeque, de acordo com organizações internacionais.
Payo Cubas, como também é conhecido, colocou em dúvida o processo de votação paraguaio e falou em fraude nas eleições. Ele foi o terceiro colocado na corrida eleitoral, com cerca de 23% dos votos. O candidato da extrema-direita perdeu para Efraín Alegre (27%) e Santiago Peña (43%), eleito presidente. Nas eleições paraguaias não há segundo turno.
O candidato derrotado não resistiu à prisão, feita na cidade de San Lorenzo, arredores de Assunção. Ele foi detido na sede do Agrupamento Especializado da Polícia, informou Gilberto Fleitas, comandante da Polícia Nacional.
“Bolsonaro paraguaio”
Cubas teve o mandato de senador cassado 2019 após agredir fisicamente um policial. Oficialmente, o motivo da cassação foi o “uso indevido de influência”. Ele já declarou abertamente que não respeita as instituições.
O político ficou conhecido no Brasil após prometer matar “100 mil brasileiros bandidos” que estariam no Paraguai. A declaração foi dada durante uma operação de apreensão de madeira ilegal na fazenda de um brasileiro, no município de Minga Porã, no Alto Paraná, próximo da região de fronteira com o Brasil.
Ele se apresentava nas eleições como candidato antissistema, que rejeita as instituições tradicionais da política.
Fora do padrão
De acordo com o cientista político Vanuccio Pimentel, que já atuou como observador internacional da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Paraguai, contestar o resultado das eleições é algo corriqueiro no País, mas que as movimentações de Cubas fugiram ao padrão histórico.
“O questionamento às eleições democráticas, no contexto que a gente vive hoje, está conectado internacionalmente com uma estratégia da extrema-direita global, que é de questionar o funcionamento das instituições e tentar corroer as instituições por dentro”.
O internacionalista Rodrigo Reis, fundador do Instituto Global Attitude, segue o mesmo raciocínio: “É algo menos coordenado e sim mais uma tendência, uma ferramenta no arsenal da extrema-direita, muitas vezes, de tumultuar ou questionar esse processo”.