Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2022
Tendo se tornado popular primeiro na internet e alçado à vida política posteriormente, Gabriel Monteiro (PL) se elegeu em cima de vídeos forjados e discussões acaloradas em cima de pautas dos “costumes e da família”. Preso desde segunda-feira (7), por acusação de estupro, o ex-vereador, cassado em agosto deste ano, foi transferido ao Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. O atual momento da vida do youtuber contrasta com os discursos duros contra criminosos.
“Esse diabo deveria pegar pena de morte”, escreveu o político, em novembro de 2019, sobre a prisão de um homem acusado de abusar de um bebê. Em outra circunstância, em agosto de 2020, o ex-policial fez uma enquete para seus seguidores na internet, perguntando sobre a proposta de Jair Bolsonaro (PL) favorável à castração química de estupradores. O voto “sim” venceu,
Em um vídeo publicado nas suas redes sociais em junho deste ano, ele apresentou sua versão sobre as denúncias de abuso e importunação sexual, recebidas no início do ano. “Cadê essas mulheres que foram estupradas? Desapareceram?”, escreveu, no dia em que foi cassado.
Novas denúncias
A Polícia Civil do Rio investiga dois novos casos envolvendo acusações de crimes sexuais contra o ex-vereador. Os registros, feitos por duas mulheres, ocorreram na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) na terça-feira, um dia depois da prisão de Monteiro. As investigações ainda estão na fase inicial e testemunhas terão que ser ouvidas. Mas, em, pelo menos, um caso, a linha de investigação aponta que pode ter havido um estupro. Segundo reportagem do SBT, que teve acesso ao registro, o caso que envolve a suspeita de estupro teria acontecido em junho de 2021. A defesa de Gabriel Monteiro disse desconhecer as denúncias.
Uma assistente administrativa de 23 anos contou à polícia que já conhecia Gabriel pelas redes sociais desde 2018. No dia da festa na antiga casa que o ex-vereador alugava no Condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, ele teria se aproximado dela, a acariciado e beijado, sem autorização. Depois, a teria obrigado a fazer sexo oral.
O segundo caso sendo investigado pela polícia envolve o relato de uma vendedora, também de 23 anos. Segundo o SBT, ela também fez acusações de violência sexual contra o ex-parlamentar, com quem afirmou ter iniciado um relacionamento após eles se conhecerem também por redes sociais, em junho de 2020. A mulher relatou que, quando voltava de um ato de campanha, Gabriel a teria obrigado a manter relações sexuais na frente do motorista, enquanto o carro trafegava.
Expulsão da PM
Eleito vereador em 2020, o terceiro mais votado da cidade do Rio, com 57.000 votos, o youtuber demonstra dificuldade em respeitar a hierarquia da Polícia Militar do estado. Em março daquele mesmo ano, ele teve o porte de arma suspenso temporariamente por ter desrespeitado um ex-comandante-geral da corporação. Já em agosto de 2020, Gabriel Monteiro foi expulso da Polícia Militar como desertor, depois de passar mais de uma semana sem comparecer ao trabalho.