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Preso por lavagem de dinheiro, filho do presidente colombiano foi denunciado pela ex

Nicolás Petro (E) é investigado pelo uso pessoal de dinheiro da campanha política do pai, Gustavo Petro (D). (Foto: EBC)

Poucos meses após a separação de Nicolás Petro, o filho mais velho do presidente da Colômbia Gustavo Petro, sua ex-mulher Day Vásquez, procurou a revista Semana para dar uma entrevista que deu origem ao caso judicial mais pessoal e escandaloso que o chefe de Estado daquele país enfrentou em seu primeiro ano de governo.

Preso no sábado passado (29) com sua ex-mulher Daysuris del Carmen Vásquez, ele é investigado pelo uso pessoal de dinheiro da campanha política do pai.

No apartamento dele na cidade de Barranquilla, onde Nicolás foi detido, o Ministério Público do país latino-americano também apreendeu o equivalente a quase R$ 30 mil em espécie e aparelhos eletrônicos.

O casal foi submetido no domingo (30) a audiências de custódia que resultaram na manutenção das prisões, realizadas cerca de cinco meses após o início das investigações. As denúncias vieram à tona após a própria Day Vásquez – como é conhecida a ex-esposa – denunciá-lo à imprensa local.

“Tudo foi feito pelas costas do papai”, afirmou Day Vásquez no início da entrevista.

As denúncias de Vásquez
Segundo o Ministério Público da Colômbia, ela acusa Nicolás de ter recebido 400 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 481,5 mil) do empresário Alfonso “El Turco” Hilsaca para a campanha presidencial do pai de Nicolás, Gustavo Petro, e de tê-los guardado para si.

Conforme Vásquez, Hilsaca “primeiro lhe deu 200 e, cerca de dez ou oito dias depois, deu-lhe outros 200”. A primeira entrega, em espécie, foi feita pelo filho de Hilsaca, segundo a denúncia de Vásquez. Hilsaca é um empresário e empreiteiro que foi investigado por assassinato e financiamento de grupo criminoso em 2009.

Day também acusa Nicolás de ter recebido uma caminhonete de uma “mega empreiteira” em Villavicencio para a campanha e de ter se apropriado dela. Embora não se lembre do nome do empreiteiro, ela afirma que o carro fazia parte das “doações” que seu ex-marido acabou embolsando.

Mais tarde, a revista Cambio revelou o nome: Juan Manuel Sarmiento, um empreiteiro de construção do departamento de Meta.

De acordo com Vásquez, Nicolás recebeu 600 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 722 mil) do ex-contrabandista e traficante de drogas Samuel Santander Lopesierra, mas este valor “nunca foi entregue legalmente à campanha, porque ele guardou o dinheiro”, declarou. O traficante é conhecido como “Homem Marlboro”, devido ao seu passado de contrabando de cigarros, entre outras coisas. Ele cumpriu 18 anos de prisão por tráfico de drogas nos Estados Unidos e retornou à Colômbia em 2021.

No ano seguinte convidou as pessoas a votarem em Gustavo Petro em uma estação de rádio local e, em 2023, apresentou-se como candidato a prefeito de Maicao, no norte colombiano.

Day Vásquez acusa o candidato do petrismo em Atlántico, Máximo Noriega, de ser o intermediário entre Nicolás e Lopesierra. De acordo com a acusação, “o dinheiro que ele [Lopesierra] entregou [à campanha] foi dado a Máximo. Ele [Lopesierra] nunca deu nada diretamente a Nicolás”, afirmou, esclarecendo que o dinheiro era sempre em espécie. “Até onde eu sei, ele fez mais de três entregas. Porque eles não me contaram tudo”.

Após a prisão de Nicolás, no sábado, Noriega recebeu o endosso do partido petrista Colômbia Humana para concorrer ao cargo de governador de Atlántico, mas a legenda retirou o endosso do candidato no final do dia. Outras pessoas próximas a Nicolás que foram identificadas como intermediários entre ele e os doadores são seu primo, Camilo Burgos, e seu melhor amigo, Germán Londoño.

Ela disse que ainda guarda o dinheiro recebido de Lopesierra em um banco. Vásquez insiste que o dinheiro não foi para a campanha presidencial e afirma que Nicolás esperava que ele fosse usado para comprar uma casa. Antes de finalizar o negócio, porém, ela preferiu mantê-lo no banco, “por motivos óbvios”, explicando que “parte do dinheiro que foi pago pela casa, ela manteve em um Certificado de Depósito Bancário (CDB)”, sem devolvê-lo a Nicolás.

Vásquez acusa Nicolás de continuar pedindo dinheiro a Lopesierra após a vitória de Gustavo Petro e que ouviu isso da filha do “Homem Malboro”. Conforme ela, Lopesierra estava tentando manter o apoio de Nicolás, porque queria ter o endosso do petrismo para concorrer ao cargo de governador de La Guajira nas eleições de outubro.

Nicolás também teria pedido cargos aos ministros de seu pai, afirma Vásquez, que mostrou uma conversa que teve com o ex-marido, quando Gustavo Petro já era presidente, e na qual o filho diz que “Prada me deu algumas cotas. Ele me deu 10 cotas”.

Alfonso Prada era então o Ministro do Interior, e por “cotas” ele se referia aos cargos que Nicolás pedia aos ministros. Embora não forneça detalhes, ela salienta que Nicolás também se reuniu com os ministros de Minas, Saúde, Educação, o então secretário-geral da Presidência e a diretora de Prosperidade Social.

Por fim, Vásquez acusa Nicolás de ter conseguido um cargo administrativo para o filho do político condenado Musa Besaile.

Embora se soubesse que o filho do presidente havia se encontrado com Musa Besaile Flores (filho do ex-senador Musa Besaile Fayad, condenado por corrupção), Vásquez alega que Nicolás o pressionou a nomear uma cota política dos Besailes para a administração da Sena — uma instituição educacional pública — no departamento caribenho de Córdoba, reduto político da família.

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