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Prestes a ser chefiada por um brasileiro, a Interpol foi criada para evitar a fuga de criminosos por carro, trem e avião

A maior organização policial do mundo tem como missão principal a colaboração entre as polícias dos seus 196 países-membros. (Foto: Divulgação)

Em abril de 1914, advogados e policiais de 24 países se reuniram em Mônaco, na Europa, a convite do príncipe Alberto I. O grupo estava preocupado com criminosos que se aproveitavam do progresso dos carros e da aviação para fugir do país e escapar da Justiça. Surgiu, ali, uma ideia que acabou sendo adiada por causa da 1ª Guerra Mundial e se concretizou nove anos mais tarde: a criação da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol.

O desenvolvimento dos transportes naquele início de século 20 intensificou não só transporte de pessoas, mas também de mercadorias – o que, naturalmente, ampliou as oportunidades para a ocorrência de delitos.

Mais de 100 anos depois, a maior organização policial do mundo tem como missão principal a colaboração entre as polícias dos seus 196 países-membros. O principal temor deixou de ser a fuga “física” de bandidos – com a internet, a transnacionalidade virou o pilar dos crimes a serem combatidos.

O congresso de 1914 concluiu que havia a necessidade de se criar um organismo internacional para difundir informações sobre criminosos procurados. No entanto, meses depois, estourou a 1ª Grande Guerra.

Em entrevista ao portal de notícias G1, o delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, que será o primeiro brasileiro a chefiar a Interpol, contou sobre a criação da entidade: “Naquela época, não era tão comum ter crimes ou organizações praticando crimes em vários países. Mas começou esse movimento em Mônaco, com organizações de outras partes da Europa vindo ao principado e praticando crimes contra os cassinos e as pessoas que frequentavam o local”.

A ideia ressurgiu em setembro de 1923, desta vez em Viena, na Áustria, quando de fato a instituição foi criada, com o nome de Comissão Internacional de Polícia Criminal (CPIC).

A Interpol passou ainda por um episódio obscuro: em 1938, um ano anterior ao início da 2ª Guerra Mundial, os nazistas assumiram o controle da Comissão Internacional de Polícia Criminal (CPIC) e transferiram sua sede para Berlim. A organização permaneceu sob controle nazista até o fim do conflito, em 1945. No ano seguinte, a Bélgica liderou a reconstrução da instituição.

Em 1956, a entidade aprovou um novo estatuto e foi rebatizada como Organização Internacional de Polícia Criminal (OIPC-Interpol), nome que leva até hoje.

Desde a criação da Interpol, o número de membros cresceu significativamente. Dos 20 fundadores em 1923, a organização passou a ter 50 países membros em 1955, 100 em 1967, 150 em 1989 e, em 2023, alcançou 196 países membros.

Em novembro, o Brasil chegará pela primeira vez ao cargo mais alto da instituição, mas a relação com a organização de cooperação mundial tem mais de 70 anos: o país é membro desde 1953, quando o ingresso foi aprovado na Assembleia Geral de Oslo, na Noruega.

O escritório da Interpol no Brasil foi criado em 1956, no Rio de Janeiro, então capital federal. Quando a sede do governo se transferiu para Brasília, o escritório foi junto.

No entanto, durante a Ditadura Militar, por volta de 1980, o Brasil se retirou da organização, retornando em 1986, no contexto da redemocratização.

Em 1991, Romeu Tuma alcançou a vice-presidência da Interpol. Com uma carreira na polícia, ele atuou como delegado, trabalhou no Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) e, posteriormente, na PF, chegando ao cargo de diretor-geral.

O Brasil já viu também nomes famosos serem alvo da organização. Em 2010, o nome de Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, entrou na lista de procurados. Ele deixou a lista pública apenas em 2016, aos 84 anos. O político foi indiciado por crimes relacionados com o desvio de mais de US$ 11 milhões em fundos públicos brasileiros supostamente transferidos para uma conta em um banco localizado em Nova York.

Atualmente, há 6.753 alertas vermelhos públicos em circulação. Destes, 87 são brasileiros. As informações são do portal de notícias G1.

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