Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Quem seria? Ou melhor, quem será? Conhecidos e/ou desconhecidos, ao reconhecer-nos, fazem a pergunta: a gente sabe que o senhor saiu (faz anos) da Política mas teve um bom tempo por Brasília, atuando em assuntos importantes. Deve estar bem informado!
Explico que me retirei (espontaneamente) da vida pública há cerca de 25 anos. Como cidadão, acompanho as efervescências da política, instrumento para, vivida e praticada com seriedade, encaminhar a participação da sociedade nas decisões de seu destino.
Acredita-se que Péricles, Solon e outros que tais estabeleceram, na Grécia clássica, uma relação respeitável entre o Poder e as camadas mais influentes da população. Logo, uma democracia seletiva.
Com o tempo, e muitos ideais e idealistas, as lutas continuadas foram assegurando, as custas de muito sangue, que se alargasse o rol dos partícipes no direito de influir (a criação do voto; a sua periodicidade; o faze-lo secreto até a universalização do direito de escolher livremente o votado).
Assim, se chegou (?) à democracia que, na opinião realista e crítica de Churchill, é um sistema cheio de falhas mas não existe outro melhor.
Hoje, é desse sistema que dependemos para construir uma saída honrosa e honrada. Diante da reação da sociedade brasileira que há 3 anos, ocupou as ruas, sem vínculo partidário, para dizer que não suportava mais a impunidade, e a garantia criminosa que assegurava aos ladrões governamentais, empresariais, sindicais, unidos, nas altas esferas do Poder, com legisladores, ministros e (por que não dizer?) magistrados, fora abalada. Não havia mais a tranquilidade desonesta de viver na realidade imoral do “crime compensa”.
Foi o mensalão o momento épico no esforço de provar que não haveria “intocáveis”, mostrando, a cores e ao vivo, as sessões da Suprema Corte por onde começou a desfilar a “Societa Sceleris”, formada de figurões criminosos. Era a República, nas suas entranhas, que começava a ser faxinada. Era um Partido que, na oposição, se fazia arauto da denúncia e modelo de austeridade, mas no realismo do poder se via acometido de uma incontrolável voracidade criminosa, assaltante dos cofres públicos.
Viu-se que o PT perdera o que nunca tivera. Famintos de Poder, “grandes líderes” apossaram-se do Estado e, sem receio nem constrangimento, realizaram a macro privatização peculiar: do patrimônio do Estado para o dos “bem aventurados companheiros”.
Já disse: isso foi muito, mas não era tudo. A exemplar operação “lava jato” (elogiável e eficiente) não deixou de cometer alguns atropelos, que não retiraram seus méritos reunindo, integrados, órgãos como a Polícia Federal, Ministério Público, Receita Federal e Magistratura, representados por seus profissionais. Uma geração já madura, mas ainda comprometida com o ideal e a esperança de bem servir. Foi, e É, o alargamento sem limites – que não os da lei – na investigação.
Desandou o palácio de cartas, sob o qual se haviam instalado titulados malfeitores, estrategistas de negociatas, criminosos associados, vindos dos Palácios presidenciais, dos “resorts” praianos, dos apartamentos de elevador exclusivo; das autoridades que alegavam não saber de nada mas é provável que tenham ficado com a maior parte do butim.; de parlamentares maculados, com a “merreca” do troco da propina; dos empresários, tidos como exemplares, cumplices de confessos delinquentes; de burocratas desonestos que se fizeram milionários, destruindo as estatais que deviam dirigir (?); enfim, de ladrões de todos os tipos, de diferentes ideologias (farsantes), de quase todos os Partidos. Mas não posso esquecer de responder a pergunta inaugural. Sou tentado a dizer que não sei; tenho opinião e vou revela-la. Não vamos procurar um “Salvador da Pátria”. Não existe. Nunca existiu. Não existirá. Necessita-se de parceiros íntegros, de parlamentares idôneos.
É o seu voto. Caro eleitor, o melhor higienizante para separar o joio do trigo. Bem utiliza-lo significa que o votante é merecedor do título de cidadão.
Repito, não há milagre a esperar; logo não há “demagogo milagroso” herói que fará, com um gesto divino, a salvação do país. A Pátria é que se salva pela mentalidade nova que valoriza o mérito e rejeita a esperteza aética; pela família reconstituída e exemplar; pela prioridade na educação; pelo combate continuado à impunidade.
Isso tudo, sem deixar de manter viva a fantasia do amanhã, como nos discursos de Jefferson: “gosto dos sonhos do futuro mais do que da história do passado”.
A construção da personalidade, a moldagem do caráter precisam da fantasia esperançosa do amanhã. Nosso país também precisa.
cagc@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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