A alta de 0,9% em janeiro do IBC-Br, considerado a prévia do PIB, reforça a expectativa de uma economia forte no primeiro trimestre de 2025. Em termos de acumulado nos últimos 12 meses, o crescimento chega a 3,8%. A projeção da Economia Aplicada do FGV Ibre aponta para uma alta de 1,5%, enquanto o Bradesco estima um crescimento de 1%. Esse desempenho positivo reflete, em grande parte, o setor agropecuário, com destaque para a expectativa de uma safra recorde neste ano.
Produtos como soja e milho, que têm um ciclo mais forte no primeiro trimestre, devem impulsionar os números do PIB, refletindo a robustez do setor agropecuário. Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB da FGV, explica que o IBC-Br leva em consideração não apenas os indicadores de serviços, indústria e comércio, mas também outras variáveis importantes como a atividade imobiliária, a intermediação financeira e, claro, o setor agropecuário.
Esses indicadores podem ajudar a entender por que, apesar de dados recentes do IBGE indicarem uma desaceleração na economia, o desempenho de janeiro tenha sido mais positivo. No entanto, Juliana reforça que, apesar desse dado forte de janeiro, as projeções para o crescimento do PIB em 2025 ainda indicam um crescimento menor ao longo do ano.
“Vínhamos de um quarto trimestre muito ruim. E como já estamos em março e nada indica mudança na perspectiva da safra, o que deve confirmar um crescimento forte da economia neste primeiro trimestre, puxado pelo agro. Nos próximos trimestres, no entanto, a perspectiva é termos resultados próximos de zero. Por isso, nada muda no cenário de decisório do Copom”, explica Juliana, destacando que o crescimento neste início de ano será impulsionado principalmente pelo setor agropecuário.
Apesar de considerar que o dado de janeiro surpreendeu pela sua intensidade, José Ronaldo Souza Jr., professor de economia do Ibmec-RJ, também não vê uma mudança significativa na perspectiva de um ano de crescimento “significativamente” menor.
Para ele, além do impacto do ciclo de alta da taxa de juros, que esta semana pode alcançar 14,25%, outro fator que limita o crescimento da economia é a capacidade produtiva do País.
“A perspectiva para 2025 é de um crescimento significativamente menor do que teve nos anos anteriores, porque se ocupou bastante a capacidade produtiva, e não há espaço para grande expansão. Obviamente, o agro tem um impacto muito grande, mas será um impacto maior agora no início do ano. No segundo semestre, a projeção é de uma economia mais fraca”, conclui o economista, sinalizando uma desaceleração esperada para o segundo semestre. (O Globo)