Quinta-feira, 13 de março de 2025
Por Redação O Sul | 23 de maio de 2023
Comissão vai investigar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosOs deputados Ricardo Salles (PL-SP) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) discutiram nesta terça-feira (23) durante a sessão de apresentação do plano de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga invasões e a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Ricardo Salles é o relator do colegiado.
Durante pronunciamento, Talíria criticava a criação da CPI, que, para ela, é “uma tentativa da Câmara de criminalizar o MST”.
Ela também lembrou que o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal.
“Cresceu mais de 70% da violência no campo. Tem a ver com grilagem, tem a ver com madeireiros, tem a ver com garimpo ilegal. Aliás com crimes em que tem envolvimento do próprio relator, hoje investigado pela Polícia Federal. Eu estou falando de fatos”, afirmou a deputada.
Salles disse que vai abrir processo contra ela no Conselho de Ética da Câmara.
Em seguida, o primeiro vice-presidente da CPI, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), interrompeu a fala da parlamentar e disse que apresentaria um questionamento, alegando que, de acordo com o regimento da Casa, nenhum deputado poderia se referir de “forma injuriosa” a membros do Legislativo.
Já fora do microfone, a deputada acrescentou: “E olha que eu nem chamei de bandido ou de marginal, com todo respeito.”
Salles, então, pediu a palavra e disse que representará contra a deputada no Conselho de Ética da Câmara.
“Vou pedir à Mesa para fazer a extração da fala da deputada para representação no Conselho de Ética”, afirmou.
A sessão foi marcada por discursos polarizados sobre o Movimento.
Por um lado, críticas severas de deputados bolsonaristas e ruralistas contra o movimento e as invasões de terra promovidas por integrantes do grupo.
Do outro, defesa de parlamentares petistas e de esquerda do MST e da reforma agrária.
Corte do som
O presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-SP), cortou a fala da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-RJ) enquanto ela lia notícia de que Zucco foi incluído na investigação da Polícia Federal sobre os atos antidemocráticos.
Segundo Sâmia, ela ainda teria 30 segundos de fala, mas foi cortada por Zucco sob o argumento de ter acolhido uma “questão de ordem” para que não houvesse injúrias contra integrantes do Legislativo na CPI.
A decisão de retomar a investigação foi dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O caso envolve suspeita de patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul e em Brasília contra o resultado das eleições de 2022 que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República.
CPI do MST
Os parlamentares vão analisar nesta quarta-feira (24) os requerimentos apresentados pelos deputados. Há mais de uma dezena de pedidos de depoimentos na CPI que será incluída na pauta do dia. Segundo o presidente da comissão, deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), a ideia é intercalar as atividades entre pedidos de parlamentares da oposição e os do governo.
A CPI do MST conta com 40 deputados ruralistas, ligados à FPA (Frente Parlamentar Agropecuária), e apenas 14 governistas.
São 54 membros entre titulares e suplentes. O relator é o deputado Ricardo Salles (PL-SP) e o presidente, o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS).