Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2024
A dependência da maconha, mais conhecida como transtorno por uso de cannabis sativa, foi associada pela primeira vez a um risco de 3,5 a 5 vezes maior desenvolver câncer de cabeça e pescoço. As evidências, reunidas em um estudo com dados de 116 mil pessoas, foram publicadas na revista científica JAMA Otolaryngology – Head & Neck Surgery.
O câncer de cabeça e pescoço é considerado o sexto mais comum no mundo inteiro. Ele inclui o câncer de boca, faringe, laringe, orofaringe (língua, amígdalas e parede posterior da garganta) e glândulas salivares adjacentes.
O estudo mostra que a prevalência se mostrou independente de outros fatores, como idade, gênero e etnia. Para os pesquisadores, a ligação entre o vício e o desenvolvimento das doenças pode ser um efeito prejudicial da fumaça, pois a maconha é consumida principalmente por inalação. Contudo, nesta pesquisa, os outros métodos possíveis de consumo (como adicionar a cannabis na comida) não foram abordados.
De acordo com Niels Kokot, cirurgião de cabeça e pescoço do USC Head and Neck Center e autor sênior do estudo, a fumaça produzida pela maconha pode ser ainda mais prejudicial do que a do tabaco.
“Fumar cannabis envolve uma inalação mais profunda em comparação ao tabaco. Além disso, a cannabis queima em uma temperatura mais alta do que o tabaco, aumentando o risco de inflamação causadora de câncer”, explica Niels Kokot, cirurgião de cabeça e pescoço do USC Head and Neck Center e autor sênior do estudo, em comunicado.
Este é o primeiro estudo a vincular o uso crônico do euforizante com a probabilidade de desenvolver esses tipos de câncer, como aponta Niels Kokot. As informações utilizadas pela equipe correspondem a 20 anos de dados de 64 organizações de assistência médica.
“A detecção desse fator de risco é importante porque o câncer de cabeça e pescoço pode ser previnido quando as pessoas sabem quais comportamentos aumentam seu risco”, afirma, em comunicado.
Infarto e derrame
Anteriormente, uma pesquisa publicada no Journal of the American Heart Association mostrou que fumar maconha diariamente pode causar complicações para a saúde do coração e do cérebro. De acordo com os pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), usuários diários da droga tiveram um risco aumentado de 25% de ataque cardíaco e um risco aumentado de 42% de acidente vascular cerebral.
O porte para uso pessoal da maconha foi descriminalizado no Brasil pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na quantidade entre 25 e 60 gramas ou seis plantas fêmeas de cannabis. A medida não legaliza a droga, que ainda é considerada ilícita e pode render sanções. Já a venda e o cultivo permanecem ilegais em território nacional.