Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2023
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país enfrenta “uma batalha dupla”, diante do aumento das tensões com o grupo extremista Hezbollah, na fronteira com o Líbano. A milícia xiita foi uma das primeiras a declarar apoio e solidariedade ao Hamas após o ataque terrorista contra Israel, no dia 7 de outubro.
“Estamos em uma dupla batalha: uma é para manter a ação aqui [evitar uma escalada com o Hamas] e do outro lado [no sul, em Gaza], para vencer, uma vitória absoluta que apagará o Hamas”, disse Netanyahu. “Eu não posso dizer agora se o Hezbollah decidiu entrar completamente na guerra. Se o Hezbollah decidir entrar na guerra, estará pedindo pela Segunda Guerra do Líbano. Eles estarão cometendo o maior erro de suas vidas e nós vamos atingi-los com uma força inimaginável. Significará uma devastação para eles e para o Estado do Líbano”, acrescentou.
Em um gesto aos militares que ele e seus ministros têm feito nos últimos dias, Netanyahu visitou soldados deslocados ao norte do país, perto da fronteira com o Líbano. O premier disse não saber, no momento, se o Hezbollah estaria disposto a entrar totalmente na guerra, mas afirmou que um aprofundamento das hostilidades pelo grupo extremista seria respondido com uma a “força inimaginável”.
A menção direta ao Estado libanês não é a primeira, uma vez que o Hezbollah é um movimento com representação política no parlamento do país. Horas antes do discurso de Netanyahu às tropas, o Exército israelense alertou que o aumento dos ataques do Hezbollah “arrastra o Líbano para uma guerra”, com o porta-voz militar Jonathan Conricus detalhando que o país “não obterá nenhum benefício, mas na qual se arrisca a perder muito”.
O Hezbollah recebe apoio do Irã, que também é o principal fornecedor de armas do Hamas. As ações ofensivas de militantes do grupo libanês contra Israel já motivaram operações militares e o deslocamento de pessoas da região norte do país.
As Forças de Defesa Israelenses (FDI) anunciaram que duas “células terroristas” foram atacadas perto da fronteira com o Líbano “em resposta aos lançamentos em direção ao norte de Israel”. O ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o grupo Hezbollah, milícia xiita libanesa por vezes definida como o irmão mais velho do Hamas, está pagando um “preço alto” pelos ataques ao norte do país nos últimos dias.
Hezbollah
A milícia xiita libanesa tem mais tropas e um melhor arsenal que o Hamas, além de grande profundidade estratégica graças ao corredor do Líbano, Síria, Iraque e Irã.
Seu principal trunfo reside no arsenal de mísseis. Tal como no caso do Hamas, não há transparência nem dados verificados. Segundo o centro de pesquisa israelense Alma, o grupo possui algumas centenas de mísseis de alta precisão, cerca de 5 mil mísseis com alcance superior a 200 quilômetros (sendo o Fateh-110, capaz de atingir cerca de 300 quilômetros), cerca de 65 mil foguetes com alcance de até 45 quilômetros e mísseis de menos de 200 quilômetros, e cerca de 2 mil drones. Uma radiografia do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais também sublinha a relevância da Fateh-110.
Durante a guerra de 2006, que durou 34 dias, o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel, de um arsenal de cerca de 15 mil, segundo estimativas israelenses. E está melhor preparado agora do que estava à época.
Em termos de tropas, a variação vai dos 25 mil combatentes estimados pela revista especializada Jane’s, em 2017, aos 100 mil declarados pelo próprio chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, em 2021, número considerado exagerado pelos especialistas
Sem dúvida, a sua intensa participação na Guerra da Síria ao lado de Bashar al-Assad, causou enormes baixas nos últimos anos, mas fez com que o grupo extremista também desenvolvesse experiência de combate — o que é sempre um elemento valioso para qualquer força armada. A presença persistente na Síria de células do grupo é uma vantagem potencial.