Terça-feira, 25 de março de 2025
Por Redação O Sul | 23 de março de 2025
Carney solicitou que o governador geral dissolvesse o Parlamento e marcasse eleições para 28 de abril.
Foto: ReproduçãoO primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, convocou, nesse domingo (23), uma eleição federal antecipada, buscando capitalizar o ímpeto que fez seus liberais ressurgirem. A campanha provavelmente se resumirá a uma pergunta: quem pode lidar melhor com o presidente Donald Trump e a ameaça que ele representa para o Canadá?
Carney solicitou que o governador geral dissolvesse o Parlamento e marcasse eleições para 28 de abril. Por lei, uma eleição deveria ser realizada até 20 de outubro, mas um primeiro-ministro pode solicitar a dissolução do Parlamento a qualquer momento.
Ex-banqueiro central e novato na política, Carney, de 60 anos, conquistou a liderança liberal neste mês e tomou posse como primeiro-ministro em 14 de março. A eleição o colocará contra o líder do Partido Conservador, Pierre Poilievre, de 45 anos, um incendiário populista que, até recentemente, detinha uma liderança dominante nas pesquisas.
A campanha ocorre após uma agitação política interna. Em janeiro, Justin Trudeau – cujos índices de aprovação vinham caindo havia muito tempo – anunciou que renunciaria ao cargo de líder liberal e primeiro-ministro, em meio a um motim da bancada iniciado pela renúncia abrupta de seu vice-primeiro-ministro do gabinete.
Isso também ocorre em um momento de grande ansiedade, pois o vínculo do Canadá com os Estados Unidos, um aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e seu maior parceiro comercial, está se rompendo, com profundas consequências para a economia, a sociedade e o lugar do país no mundo.
Trump impôs e ameaçou impor tarifas sobre produtos canadenses que poderiam levar a economia do Canadá a uma recessão. Ele prometeu usar a “força econômica” para anexar o Canadá e pensou várias vezes em redesenhar a fronteira entre os EUA e o Canadá.
Suas ações enfureceram os canadenses e alteraram sua política. Antes da renúncia de Trudeau e do retorno de Trump, os liberais estavam se encaminhando para uma derrota potencialmente histórica e estavam atrás dos conservadores havia mais de um ano.
Desde então, em uma rápida mudança que, segundo os pesquisadores, tem poucos paralelos, a vantagem de mais de 20 pontos dos conservadores desapareceu e a disputa está competitiva. Algumas pesquisas mostram os liberais à frente.
“Antes de janeiro, havia uma história: havia um vilão, e esse vilão era Justin Trudeau, e o herói era Pierre Poilievre”, disse David Coletto, presidente da empresa de pesquisas Abacus Data. “Agora, o vilão na mente da maioria dos canadenses é Donald Trump, mas ainda estamos descobrindo quem será o herói.” (Com informações do Estadão Conteúdo)