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Problemas da indústria gaúcha afetam a cadeia de produção em outros Estados

Do RS, saem 28% dos calçados brasileiros, 25% dos móveis e 18% das máquinas e equipamentos. (Foto: CNI)

Os problemas da indústria gaúcha também acabam afetando a cadeia de produção nos outros Estados. Ainda que por caminhos alternativos, em viagens mais longas, a resiliência do Sul escoa pelos canais do comércio. E o que ainda não consegue atravessar a crise faz falta.

No interior do Estado de São Paulo, em Taubaté, uma fábrica de autopeças mandou para casa 400 funcionários por uma semana. Parte de uma reação em cadeia. A Volkswagen deu férias coletivas em três fábricas porque já não chegam peças.

O desastre do Rio Grande do Sul chega a todas as regiões do País pela via das finanças. O prejuízo de pequenos e grandes produtores rurais, a quebra na produção da indústria, o custo de reconstrução do estado pesam no balanço da economia brasileira como pressão sobre os preços e atraso na geração de riqueza. Isso nas contas de economistas e investidores.

No agronegócio, o Estado é um importante produtor de soja, trigo, e tem 70% da produção de arroz do País. É destaque também o cultivo da maçã, uva e pêssego. E ocupa grande território na indústria nacional. De lá, saem 28% dos calçados brasileiros, 25% dos móveis e 18% das máquinas e equipamentos.

O professor de economia André Diz prevê:

“O setor industrial, por exemplo, a gente não sabe ainda o tamanho dos danos, equipamentos, né. Em termos logísticos, você reconstruir a situação dos portos, a situação de aeroportos, a situação de rodovias é bastante complicado. Do ponto de vista agrícola, algumas áreas tiveram uma devastação de solo muito complicada. Problema de erosão, perda de fertilidade. A gente não consegue resolver isso no curtíssimo prazo”, explica.

Foi o design e a qualidade do Sul que levaram a marca para os bairros nobres das capitais do País.

“As fábricas estão paradas, isso vai sofrer uma alteração de prazo. O Brasil inteiro perde sem o Estado, sem dúvidas”, comenta Giselle Rivkind, diretora de relacionamento de uma fábrica de móveis.
O professor André Diz não tem dúvidas de que fica uma lição.

“A importância desses dois atores atuarem conjuntamente. Com a sociedade civil organizada e o estado preparado para tomar as principais decisões de emergência, contando com esse apoio, ajuda bastante nessa recuperação”, diz ele.

Uma loja de queijos, em São Paulo, fez uma campanha para promover produtos do Rio Grande do Sul: 200 kg foram vendidos em três horas e R$ 12 mil foram direto para o caixa dos ranchos afetados. A reconstrução do Estado passa, também, pelas pontes comerciais.

“Você imagina, da noite para o dia, você ter uma cadeia totalmente rompida e de produtores que vinham se organizando nos últimos anos. Então, acho que a gente pode continuar nessa levada para poder, de alguma maneira, levar um alento para esse pessoal todo”, diz o queijista Fernando Henrique Soares de Oliveira.

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