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Procurador da Operação Lava-Jato criticou as declarações do novo diretor-geral da Polícia Federal sobre as investigações

Manifestação foi publicada em rede social. (Foto: Reprodução/Facebook)

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, fez críticas ao novo diretor-geral da PF (Polícia Federal), Fernando Segovia, nesta segunda-feira (20).

Segovia colocou em dúvida a investigação que levou a PGR (Procuradoria-Geral da República) a denunciar o presidente Michel Temer, também em declaração nesta segunda-feira.

Para Lima, não cabe ao diretor-geral emitir opinião sobre as denúncias na operação. Veja o que ele disse, em postagem no Facebook:

“COMEÇOU BEM!

1. Não cabe ao Diretor Geral da Polícia Federal falar sobre investigações, pois não é responsável pelas elas, mas apenas o chefe administrativo da instituição.

2. Não cabe à Polícia Federal falar sobre denúncias realizadas, pois a opinio delicti é exclusiva do Ministério Público.

3. Sua opinião pessoal é totalmente desnecessária e sem relevância, ainda mais quando dada em plena coletiva após a posse que lhe foi dada pelo próprio denunciado.”

O que disse Segovia

O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou nesta segunda-feira (20) que a investigação que levou a Procuradoria-Geral da República a denunciar o presidente Michel Temer poderia ter sido mais longa. Para ele, se a apuração estivesse “sob a égide” da PF, e não da PGR, a corporação pediria mais tempo para avaliar “se havia ou não corrupção”.

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou que não cabe a Fernando Segovia emitir opinião sobre as denúncias na operação.

Segovia afirmou que “uma única mala” “talvez” seja insuficiente para comprovar se os investigados cometeram crime de corrupção. O diretor da PF se referia à mala com R$ 500 mil em dinheiro – supostamente propina – entregue em abril deste ano pelo executivo Ricardo Saud, do frigorífico JBS, para o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG). Ex-assessor e homem de confiança de Temer, Rocha Loures foi preso em razão do episódio. A suspeita da PGR na denúncia é de que Temer seria o destinatário final do dinheiro.

“A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria que ter durado mais tempo, porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime e quem seriam os partícipes e se havia ou não corrupção”, afirmou Segovia.

Em relatório entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), em junho, a própria Polícia Federal afirmou que as evidências colhidas na investigação indicavam “com vigor” que Temer cometeu o crime de corrupção passiva.

Na entrevista coletiva que concedeu após a posse, Segovia foi questionado se o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que apresentou a denúncia contra o presidente, seria investigado.

No início deste ano, quando veio à tona a delação da JBS, Temer se disse alvo de perseguição por parte do ex-procurador-geral – posteriormente, o acordo de delação premiada da JBS, que deu base à denúncia, foi suspenso pela suspeita de que um ex-auxiliar de Janot – o ex-procurador Marcello Miller – orientou os delatores quando ainda estava no Ministério Público.

Segovia respondeu que uma investigação sobre Janot dependeria de um pedido, o que ainda não ocorreu. “Se vamos ou não investigar o dr. Janot, dependerá de abertura de investigação, se é que alguém vai pedir abertura de investigação em relação a tais fatos”, disse.

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