O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou na tarde dessa quinta-feira (21) contrário à prisão do tenente-coronel Mauro Cid, que prestou depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por três horas no STF para esclarecer pontos que omitiu em sua delação premiada.
Segundo relatos obtidos pela equipe da coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, diante dos esclarecimentos feitos pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Gonet opinou contra a prisão. A manifestação marcou um recuo na posição da própria Procuradoria-Geral da República (PGR), que havia chegado a defender a prisão preventiva de Mauro Cid na última terça-feira (19), dois dias antes do depoimento.
Gonet acompanhou o depoimento de Mauro Cid por videoconferência, enquanto um auxiliar da PGR estava presencialmente no STF durante a oitiva.
Mauro Cid é acusado de omitir detalhes e apagar arquivos que revelariam informações sobre a trama golpista para não apenas impedir a posse de Lula, mas também assassinar o presidente da República, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes.
Ao final da audiência, o STF informou que Moraes “confirmou a validade da colaboração premiada de Mauro Cid” e “considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal”. Segundo o STF, as “informações do colaborador seguem sob apuração das autoridades competentes”.
Segundo relatos obtidos pelo blog, o ex-ajudante de ordens manteve sua delação após três horas de depoimento ao “falar muita coisa” sobre a participação do general Walter Braga Netto na tratativas e planos para executar um golpe de estado que impedisse a posse de Lula após a eleição de 2022.
Nessa quinta-feira, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ex-ministros Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e mais 33 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
De acordo com a PF, foi identificada uma “organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.”