O MPF (Ministério Público Federal) denunciou nesta segunda-feira (5) o procurador Ângelo Goulart Villela sob acusação de corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução à investigação de organização criminosa, em decorrência da delação da JBS. A denúncia foi oferecida pela Procuradoria Regional da República da 3ª Região ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) porque Villela, apesar de estar cedido à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, no período dos supostos crimes, era originalmente lotado na Procuradoria da República em Osasco (SP).
O advogado Willez Tomaz também foi denunciado, sob acusação de corrupção ativa, violação de sigilo e obstrução de investigação. Os dois estão presos desde 18 de maio, quando foi deflagrada a Operação Patmos, por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin. A Procuradoria Regional manifestou-se pela manutenção da prisão preventiva deles.
Em sua delação, Joesley Batista, um dos donos da JBS, afirmou que o procurador Villela receberia uma “ajuda de custo” de R$ 50 mil por mês para vazar informações sigilosas sobre investigações do Ministério Público. O advogado Tomaz seria o intermediário entre a JBS, interessada nas informações, e o procurador.
Villela integrava a força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga um suposto esquema de uso irregular de recursos de fundos de pensão. A suspeita é que uma das empresas do grupo J&F, que controla a JBS, tenha sido beneficiada.
Segundo a delação de Joesley, o escritório do advogado Willer Tomaz foi contratado pela J&F por R$ 8 milhões, sendo a metade desse valor como pagamento inicial e o restante após o êxito da ação, que seria o arquivamento da investigação da Greenfield.
Tomaz, segundo Joesley, contou que dava uma “ajuda de custo” de R$ 50 mil para Villela em troca de informações. O empresário, porém, disse não saber se o dinheiro foi de fato repassado.
O responsável pelo departamento jurídico da J&F, Francisco de Assis e Silva, também delator, confirmou aos investigadores a história contada por Joesley.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com os advogados do procurador Ângelo Villela na tarde desta terça (6). João Marcos Braga, advogado de Willer Tomaz, afirmou que só vai se manifestar no processo. (Folhapress)